A investida do Irã contra Israel deve provocar, no curto prazo, uma alta na cotação do petróleo e uma valorização do dólar, tendo como consequências um espaço menor para cortes de juros tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, avaliou o economista André Perfeito, em comentário enviado a clientes.
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O Irã confirmou ter iniciado uma ofensiva com drones e mísseis contra Israel, em retaliação pelo ataque aéreo que destruiu o consulado iraniano em Damasco, no começo do mês. A investida matou integrantes da Guarda Revolucionária iraniana, incluindo um general.
Segundo Perfeito, havia a perspectiva de um inevitável ataque iraniano a Israel, "mas o mercado não reagiu de acordo" ao longo da semana. "Me parece relativamente claro que o conflito irá se espalhar na região", opinou o economista.
Caso haja de fato uma escalada do conflito, Perfeito elenca como efeitos de curto prazo:
- uma forte alta do petróleo na próxima semana;
- com a valorização de commodities, os Estados Unidos não cortariam os juros como o mercado esperava;
- os juros mais elevados nos Estados Unidos impõem um dólar mais forte ante as demais moedas no mundo;
- diante da valorização do dólar no curto prazo e a manutenção dos juros norte-americanos, o Banco Central brasileiro "perde graus de liberdade para cortar a Selic";
- por outro lado, empresas ligadas a commodities "podem se beneficiar".
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"Isto é que podemos pensar num primeiro momento e temos que avaliar o conjunto dos desdobramentos ao longo da semana", alertou Perfeito.
O economista chama o momento atual de "caótico", porém, ainda não destrutivo para o Brasil, no médio prazo, porque o País é exportador líquido de petróleo. Além disso, as commodities tendem a se apreciar em tempos de guerra.
"O Brasil está simplesmente longe demais deste conflito, tanto geograficamente quanto politicamente", acrescentou Perfeito. "O Brasil pode se beneficiar no médio prazo e digo isso para evitar uma posição vendida acima do desejado em ativos locais."
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Segundo ele, não é possível projetar, ainda, a entrada de outros países no conflito, mas o cenário caminha para um "acerto de contas" global.