SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica brasileira seguiu no vermelho em fevereiro, apresentando desempenho negativo pelo 14º mês consecutivo, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira, que corroboram o cenário de profunda recessão.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 0,29 por cento em fevereiro na comparação com janeiro, em dados dessazonalizados. O índice teve desempenhos mensais negativos desde janeiro de 2015.
O indicador caiu 0,68 por cento no primeiro mês do ano, em dado revisado pelo BC, comparado à queda de 0,61 por cento divulgada anteriormente.
O desempenho de fevereiro foi melhor que o recuo de 0,56 por cento estimado por analistas em pesquisa Reuters.
No mês de fevereiro, o varejo surpreendeu com alta de 1,2 por cento, leitura mais alta desde julho de 2013, embalado pelas vendas de móveis e eletrodomésticos e de supermercados.
Entretanto, a produção industrial teve retração de 2,5 por cento sobre janeiro, no pior resultado em pouco mais de dois anos, diante do quadro político e econômico conturbardo.
Contribuindo para o tombo da economia, o setor de serviços sofreu declínio de 4,0 por cento em fevereiro sobre um ano antes, afetado sobretudo pela atividade de informação e comunicação. Foi o dado mais fraco para o mês desde o início da série história do IBGE, em 2012.
Segundo o BC, O IBC-Br caiu 6,52 por cento sobre fevereiro de 2015 e acumulou queda de 4,75 por cento no acumulado em 12 meses, sempre em números dessazonalizados.
Economistas vêm sucessivamente revisando para baixo suas projeções para o PIB neste ano. Na pesquisa Focus mais recente, realizada pelo BC com mais de uma centena de economistas, a estimativa era de queda de 3,8 por cento, com expansão de apenas 0,20 por cento em 2017.
Se confirmado um tombo desta magnitude neste ano, esta será a pior recessão em dois anos desde que os registros começaram, em 1901.
O IBC-Br incorpora projeções para a produção no setor de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.
(Por Camila Moreira e Marcela Ayres)