Por Ezgi Erkoyun e Daren Butler
ISTAMBUL (Reuters) - O banco central da Turquia elevou inesperadamente nesta quinta-feira a taxa de juros em 500 pontos-base, para 50%, citando uma perspectiva de piora da inflação e prometendo intensificar o aperto monetário se houver previsão de deterioração significativa e persistente da inflação.
A surpresa ocorreu 10 dias antes das eleições locais no país e foi vista pelos analistas como um sinal de que o banco central é independente de quaisquer restrições políticas e está determinado a combater os aumentos de preços.
Em resposta, a lira chegou a subir 1,5%, para 31,91 por dólar, revertendo semanas de quedas constantes.
O banco elevou sua taxa básica de recompra de uma semana em 4.150 pontos-base, de 8,5%, desde junho passado, após a vitória do presidente Tayyip Erdogan nas eleições de maio e a reviravolta em direção a uma maior ortodoxia na política econômica.
A "postura monetária restritiva será mantida até que seja observado um declínio significativo e sustentado na tendência subjacente da inflação mensal e que as expectativas de inflação convirjam para a faixa de previsão projetada", afirmou.
A política "será apertada caso seja prevista uma deterioração significativa e persistente da inflação", acrescentou após a reunião mensal de seu comitê de política monetária.
O aumento dos juros "surpreendeu o mercado", disse Piotr Matys, analista sênior de câmbio da In Touch Capital Markets em Londres.
"A decisão de hoje é um sinal muito forte de que o presidente (Fatih) Karahan, que assumiu o lugar de (Hafize Gaye) Erkan quando ela renunciou inesperadamente, está determinado a colocar a inflação incrivelmente alta sob controle", disse ele.
A inflação subiu para uma taxa acima do esperado de 67% no mês passado, quando o banco central manteve os juros após uma série de aumentos desde junho.
Em uma pesquisa da Reuters, 20 dos 22 entrevistados esperavam que o banco mantivesse os juros em março, enquanto os outros dois previam um aumento de apenas 250 pontos-base. No entanto, a pesquisa mostrou que uma grande maioria esperava que o banco aumentasse novamente a taxa ainda neste ano.
(Reportagem adicional de Ece Toksabay e Tuvan Gumrukcu em Ancara e Marc Jones em Londres)