As autoridades monetárias do Brasil e Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 31, a manutenção das taxas básicas de juros, mas deram sinais diferentes sobre a tendência para as próximas reuniões.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a Selic em 10,50% ao ano pela segunda reunião seguida, mas disse que o cenário exige mais cautela, deixando a porta aberta para poder subir os juros mais à frente - embora não tenha se comprometido com um aumento na próxima reunião.
Já o Fed (o banco central americano), por sua vez, manteve os juros entre 5,25% e 5,50%, mas indicou de forma mais explícita a chance de uma redução em setembro, com a percepção de que há uma tendência de a inflação estar convergindo para a meta de 2% ao ano.
Mais duro em seu comunicado sobre as contas do governo, o Copom disse que "monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros".
"O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", diz o texto.
Sobre o cenário econômico, o comitê "avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária". "Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância", diz o comunicado.
De acordo com o comunicado, "o comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação para 2024 subiram de 4% para 4,2% e, para 2025, tiveram alta de 3,4% para 3,6%.
'Chegando perto'
Nos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse em entrevista coletiva depois da reunião do colegiado que um corte na taxa "poderia estar na mesa" na próxima reunião em 18 de setembro. "Estamos chegando perto."
Em suas projeções, a autoridade monetária dos EUA afirmou que poderia fazer cortes em reuniões intercaladas, o que reduziria as taxas para 4,1% até o fim do próximo ano, e 3,1%, até dezembro de 2026. "Está chegando a hora, pois outros bancos centrais do mundo estão enfrentando a mesma questão", afirmou o presidente do Fed. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.