Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu deve reduzir novamente a taxa de juros nesta quinta-feira e sinalizar mais afrouxamento em 2025, já que a inflação em toda a zona do euro está quase de volta à meta e a economia está tropeçando.
O BCE já cortou os juros em três de suas últimas quatro reuniões. No entanto, o debate mudou para a questão de saber se a política monetária está sendo afrouxada com rapidez suficiente para sustentar uma economia que corre o risco de recessão, enfrentando instabilidade política e a perspectiva de uma nova guerra comercial com os Estados Unidos.
É provável que essa questão domine a reunião desta quinta-feira, mas os "hawks" da política monetária, que ainda comandam uma maioria confortável no Conselho do BCE, composto por 26 membros, provavelmente defenderão apenas um pequeno corte de 25 pontos-base, levando a taxa de referência para 3%, segundo quase todos os economistas em uma pesquisa da Reuters.
Em um possível compromisso com as autoridades mais "dovish", o corte poderia vir acompanhado de ajustes na orientação do BCE para deixar claro que um maior afrouxamento está próximo, desde que não haja novos choques na inflação, que poderia diminuir para a meta de 2% do banco central no primeiro semestre de 2025.
"A orientação já restritiva da política monetária, a deterioração das perspectivas de crescimento e a inflação dentro da meta devem favorecer um corte de 50 pontos-base", disse o economista do Danske Bank, Piet Haines Christiansen.
"Do ponto de vista da comunicação, acho que é mais fácil fazer um corte de 25 pontos-base na taxa, mantendo a opção de fazer um corte maior se houver necessidade."
Um corte é justificado porque novas projeções mostrarão que a inflação, acima da meta há três anos, voltará a 2% em alguns meses. Isso se deve, em parte, ao fato de que as economias dos 20 países que compartilham o euro mal estão crescendo.
A perspectiva é tão repleta de riscos que algumas autoridades argumentam que o BCE agora corre o risco de ficar abaixo de sua meta de inflação, como aconteceu por quase uma década antes da pandemia, e deve agir mais rapidamente para evitar ficar atrás da curva.
Mas os "hawks" afirmam que a inflação ainda é um risco, dado o rápido crescimento dos salários e o rápido aumento do custo dos serviços, de modo que um fluxo constante de medidas incrementais é apropriado.
O protecionismo dos EUA e a instabilidade política na França e na Alemanha são outros motivos para cautela.