NOVA YORK (Reuters) - A partir do próximo ano, o Banco Central Europeu (BCE) precisará comunicar a expectativa sobre a trajetória de aumento de juros além de seu aumento inicial para manter os preços do mercado consistentes com uma alta lenta da inflação, disse o economista-chefe da instituição, Peter Praet, nesta quinta-feira.
Os comentários de Praet se somam ao argumento de uma orientação mais ampla para assegurar que investidores continuem a precificar somente a normalização lenta da política monetária.
Após comprar 2,5 trilhões de euros em dívidas para manter o custo dos empréstimos em baixa recorde, o BCE tem lentamente desmantelando os estímulos, mas somente pelo menor dos incrementos, para manter os mercados calmos e evitar uma venda que possa desfazer seu estímulo.
"A estrutura a termo das taxas de juros do mercado monetário hoje... incorpora um ritmo muito moderado de aumento da taxa além da data esperada de partida", disse Praet em uma conferência em Nova York.
"Para que esse segmento (do mercado) permaneça consistente com a contínua convergência gradual da inflação, nossa comunicação sobre ajustes de política além do primeiro aumento de taxa se tornará cada vez mais importante", acrescentou Praet.
Os comentários parecem ecoar um argumento do membro do conselho Benoît Coeuré, que disse esta semana que uma orientação de taxa mais extensa pode ser necessária, que estabeleceria as condições para mais movimentos.
Ao dar apoio a essa formulação, Praet argumentou que as orientações de junho do BCE, que também continham tal condicionalidade, foram um sucesso, uma vez que os mercados precificaram a expectativa de movimento do BCE em linha com as projeções dos formuladores de política monetária.
As expectativas para o aumento dos juros, agora precificadas para o quarto trimestre do próximo ano, tendem a se mover. Praet disse que isso era um sinal de que os mercados entenderam a condicionalidade do BCE, já que o desempenho econômico da zona do euro impactou o momento da mudança.
O BCE tem como meta a inflação abaixo de 2 por cento, mas perdeu por anos e é improvável que atinja sua meta antes do final da década.
(Por Jonathan Spicer)