FRANKFURT (Reuters) - O crescimento salarial em toda a zona do euro deve ser "muito forte" nos próximos trimestres, mas é provável que os salários reais ainda diminuam dada a inflação, apontou um artigo do Boletim Econômico do Banco Central Europeu nesta segunda-feira.
Um aumento histórico da inflação tem corroído a renda real nos últimos dois anos e as empresas estão finalmente começando a ajustar os salários, levando a preocupações de que a inflação elevada pode se perpetuar se os salários forem ajustados em uma base mais permanente.
"Espera-se que o crescimento salarial nos próximos trimestres seja muito forte em comparação com padrões históricos", concluiu o artigo escrito por economistas da equipe do banco.
"Isto reflete mercados de trabalho robustos que até agora não foram substancialmente afetados pela desaceleração da economia, aumentos nos salários mínimos nacionais e alguma recuperação entre salários e taxas altas de inflação."
Mas a desaceleração econômica esperada e a incerteza sobre as perspectivas devem pressionar para baixo o crescimento dos salários além do curto prazo, argumentaram os economistas.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou recentemente que os salários provavelmente estão aumentando a um ritmo mais rápido do que o previsto e que o BCE tem que impedir que isso aumente as expectativas de inflação a longo prazo.
O artigo, no entanto, parece minimizar as preocupações salariais, argumentando que os rendimentos reais continuarão a cair, pois a inflação será maior do que o aumento robusto dos salários nominais.
"Os salários reais dos consumidores são agora substancialmente mais baixos do que antes da pandemia e provavelmente cairão ainda mais nos próximos meses", concluiu o BCE no artigo.
"Isto poderia levar os sindicatos a exigir aumentos salariais mais altos nas próximas rodadas de negociação, especialmente nos setores com salários mais baixos."
(Reportagem de Balazs Koranyi)