Investing.com - Após uma semana sem dados econômicos relevantes e cheio de discursos de autoridades monetárias no Brasil e nos EUA, a semana entre os dias 26 e 30 de agosto vai ter divulgação de indicadores econômicos que podem dar solidez à trajetória das política monetárias das duas economias. A bateria de dados no Brasil se tornou importante especialmente após os membros dos dois Bancos Centrais reforçarem ser "dependente de dados".
"Cada economia enfrenta dilemas diferentes", avalia Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com, ao apontar o anúncio do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, de que "chegou a hora" de cortar os juros e o desencontro de tom entre os discursos do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que é apontado como sucessor de Campos Neto no ano que vem. "A dúvida brasileira é se haverá manutenção da taxa Selic em 10,5% ao ano ou início de um ciclo de alta", diz Manzoni sobre a reunião de setembro do Comitê de Política Monetária (Copom).
Os destaques dos indicadores nos EUA são a 2ª prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre e o índice de preço dos gastos de consumo (PCE, na sigla em inglês) de julho, o indicador de inflação preferido do Fed. Enquanto no Brasil serão conhecidos o IPCA-15, prévia da inflação oficial, dados do setor público pelo Banco Central e informações sobre o mercado de trabalho. "A expectativa do mercado é de manutenção do crescimento do PIB dos EUA do 2º trimestre de 2,8%.
"Um número abaixo da projeção reforça a expectativa de que o Fed pode iniciar o corte de meio ponto percentual em setembro, enquanto um dado igual à projeção ou superior deve indicar expectativa de um corte de 25 pontos-base", projeta o analista do Investing.com sobre o cenário dos EUA. "Números acima da projeção do mercado de trabalho e dos dados do setor público podem aumentar as perspectivas de alta da taxa Selic na reunião de setembro, agora entre os economistas, pois os investidores há semanas precificam uma alta de 25 pontos-base na curva de juros futuros", avalia Manzoni.
De acordo com o analista do Investing.com, alguns economistas apontam que o Copom estaria ganhando tempo com essa falta de sintonia, especialmente com a política monetária dos EUA que ajudaria o Bacen a manter a taxa Selic no atual patamar contracionista com o início dos cortes pelo Fed. Powell contribuiu na última sexta-feira (23) sinalizando os cortes de juros. "A próxima semana vai sinalizar o que deve pesar mais na política monetária do Bacen: o cenário externo ou os fortes dados da economia nacional", completa Manzoni.
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Confira abaixo os principais eventos econômicos entre os dias 26 e 30 de agosto:
Segunda-feira (26 de agosto): Transações Correntes de julho do Brasil, Investimentos Direto Produtivo de julho do Brasil, Pedidos de Bens Duráveis de julho dos EUA, lucro industrial acumulado no ano de julho da China.
Terça-feira (27 de agosto): IPCA-15, Índice de Preço de Imóveis de Junho dos EUA, Confiança do Consumidor do Conference Board de agosto dos EUA.
Quarta-feira (28 de agosto): Balanços de Nvidia (NASDAQ:NVDA), Salesforce, CrowdStrike (NASDAQ:CRWD) e HP.
Quinta-feira (29 de agosto): IGP-M de agosto, empréstimos bancários de julho do Brasil, índice de inflação ao produtor de julho do Brasil, pedidos por seguro-desemprego nos EUA, 2ª prévia do PIB dos EUA do 2º trimestre, vendas pendentes de moradia de julho dos EUA, Caged de julho, taxa de desemprego de julho do Japão.
Sexta-feira (30 de agosto): Prévia da inflação ao consumidor de agosto da zona do euro, taxa de desemprego de julho da zona do euro, dados do setor público de julho do Brasil, índice de preços de gastos de consumo de julho dos EUA, renda e gasto pessoais de julho dos EUA.