Investing.com – Com o início do ciclo de flexibilização monetária, o mercado ainda pode ajustar as expectativas diante da magnitude do corte maior do que o esperado. No entanto, uma pesquisa realizada com gestores, traders, economistas e estrategistas pelo banco BTG Pactual (BVMF:BPAC11) aponta divisão sobre o consenso para qual será a taxa terminal do afrouxmento. A vantagem é de expectativa para 2024 de Selic entre 9,0-9,75% de 61% dos entrevistados versus abaixo de 9% para outros 36%. "Há um percentual pequeno de participantes vendo a Selic acima de 10% (3%)”, aponta o documento.
81% dos entrevistados esperam uma Selic entre 11,5% e 11,75% ao final deste ano. O estudo foi realizado entre quarta e quinta com a base de clientes, com o objetivo de avaliar a influência da política monetária e a comunicação recente do Banco Central.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu diminuir a taxa de juros em meio ponto, para 13,25%. Esse foi o primeiro corte da Selic em três anos, com o indicativo, no comunicado, de que se as condições se mantiverem, esse tende a ser o ritmo dos futuros cortes.
Após a diminuição de meio ponto, o Rabobank atualizou as projeções e espera que a taxa Selic deva cair para 11,75% no final de 2023, contra previsão anterior de 12,00%, e para 9,25% no final de 2024, de 9,50% prévios.
“Um dos entraves para o Copom aumentar o ritmo de cortes reside no fato de que as expectativas de inflação de longo prazo ainda têm mais espaço para diminuir e convergir para a meta de 3,0%”, destaca o banco em relatório, apontando a diminuição nas expectativas para 2025 e 2026, após a confirmação da meta de inflação, e discussões estruturais que considera benéficas, como arcabouço fiscal e reforma do imposto sobre consumo.
Com reversão de incentivos fiscais para combustíveis e riscos do evento climático El Niño, o Rabobank espera que o Copom siga defendendo serenidade e moderação neste ano, tal como definiu no comunicado.
O economista André Perfeito, que já apostava em um corte 0,50 ponto, reforçou a projeção inicial de término da taxa de juros em 11,75% ao final deste ano, na perspectiva de que as próximas três reuniões do ano terão cortes em igual magnitude da decisão de ontem.
“Faço uma revisão da taxa terminal do ciclo que antes era de 10% para 10,75% uma vez que a autoridade monetária deixou claro que pretende ainda deixar a taxa básica no campo contracionista para assegurar a convergência das expectativas”, detalha.
Segundo Perfeito, o tom do comunicado buscou garantir a ancoragem dos juros mais longos. “A estratégia adotada pelo colegiado do BCB é coerente com o que sempre fez: uma vez decidida o movimento tende a agir rápido. Me parece que o Copom quer acabar com o ciclo já no início do ano que vem e há bons motivos para isso”, reforça o economista, citando possíveis choques reais após a diminuição do desemprego, a tendência de pausa na apreciação do real, eleições no ano que vem e falta de clareza sobre defasagem de preços da Petrobras (BVMF:PETR4).