UE caminha para acordo tarifário de 15% com os EUA, dizem diplomatas europeus
Investing.com – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) deve elevar a taxa de juros em 100 pontos-base na decisão desta quarta-feira, 29 de janeiro, para 13,25% ao ano. Na decisão passada, quando aumentou a taxa Selic na mesma magnitude, o colegiado sinalizou quais seriam os próximos passos, com duas altas adicionais. Economistas consultados pelo Investing.com Brasil esperam que a autarquia cumpra o guidance de forma unânime e com tom duro, sem surpresas para esta e para a próxima reunião.
“A nosso ver, o Copom manterá o discurso duro, hawkish, especialmente considerando a piora de algumas variáveis importantes que entram em sua modelagem para a projeção de IPCA e na sua avaliação de forma geral. Aqui, destaque para as expectativas inflacionárias do Boletim Focus”, destaca Rodolfo Margato, economista da XP (BVMF:XPBR31) XP, que vê pico da Selic em 15,5% em junho.
Margato cita ainda os receios a respeito da volatilidade na taxa de câmbio e um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do potencial, o chamado ‘hiato do produto’, apesar da tendência de desaceleração da atividade econômica.
Decisão unânime? Copom deve reforçar sua credibilidade
Com as expectativas desancoradas e longe da meta de 3% do Conselho Monetário Nacional (CMN), os economistas entendem ser difícil que o colegiado adote uma postura mais suave na condução da política. A posição deve ser de cautela, principalmente para evitar problemas de comunicação.
Esta é a primeira reunião do Copom sob comando do novo presidente Gabriel Galípolo, que atuava anteriormente no Banco Central como diretor de política monetária. Indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Galípolo substitui Roberto Campos Neto, que havia sido nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma decisão dividida poderia gerar ruídos na primeira reunião com Galípolo como presidente e com os novos diretores indicados pelo atual governo, mas essa não é a expectativa dos especialistas.
“Eles estão ainda bastante alinhados, mas se houver qualquer tipo de divisão nesta primeira reunião, será um problema. Mas, ao meu ver, essa é uma probabilidade baixa de ocorrer”, ressalta Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, que espera altas na Selic até o patamar de 15,25% em junho.
A percepção é de que a trajetória de choque de juros com decisões unânimes deve buscar um reforço na credibilidade e demonstrar que o BCB não seria leniente com a inflação sob a nova gestão.
Os especialistas consultados pelo Investing.com entendem que o Copom deve buscar graus de liberdade, ou seja, não deve sinalizar sobre a decisão de maio, duas à frente desta. Assim, a tendência é de retirada do plural do parágrafo do forward guidance, pois caso a atividade perca força mais rapidamente do que o esperado, as pressões inflacionárias podem arrefecer.
Os economistas avaliam que o colegiado vem adotando uma postura pautada pelo compromisso de convergência da inflação à meta no horizonte relevante e não sinalizaria mudança de parâmetros de condução em relação à gestão anterior.
Expectativas desancoradas, fiscal, Trump e pressão em serviços em foco
Algumas variáveis chave devem ser analisadas, como a expansão da atividade econômica, a resiliência no mercado de trabalho, as leituras inflacionárias e as projeções de consenso, que estão ainda mais desancoradas. A taxa de juros real estaria em patamares não vistos desde a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas a Suno entende que a situação “não é tão estressada como naquela época”.
No entanto, a última leitura da inflação corrente reforçou as preocupações do mercado, na visão de Mauro Rochlin, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV). Sem o bônus de Itaipu, a prévia da inflação cheia, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que subiu 0,11% em janeiro, seria mais elevada, impulsionada por alimentos e bebidas.
Assim, neste comunicado, a política fiscal brasileira, a nova gestão nos Estados Unidos e a inflação de serviços devem ser os três principais pontos mencionados como riscos pelo comitê, em sua visão.
“Entendo que o Banco Central deve bater mais forte na tecla da inflação de serviços muito fora da meta. Esse ponto é realmente crucial. Eu acho que o Banco Central pode, novamente, fazer alguma menção à política fiscal, talvez não de forma contundente, mas sim reiterar a posição de que a política fiscal deveria estar alinhada com a política monetária”, completa Rochlin.
As tarifas previstas pelo governo do republicano Donald Trump também podem ser mencionadas como um possível risco monitorado, apesar do discurso do republicano ter sido considerado mais ameno pelo mercado em relação às suas falas durante a campanha.
***
INVISTA COM CONFIANÇA! Comece a operar com inteligência artificial e dados profissionais no InvestingPro! Descubra ações explosivas agora, clique aqui!