Investing.com – A taxa de desemprego brasileira do trimestre encerrado em abril foi de 8,5%, informou nesta quarta-feira, 31, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. A expectativa consensual era de 8,9%. No primeiro trimestre do ano, o indicador foi de 8,8% e, no quarto trimestre, de 7,9%.
A taxa de desocupação entre fevereiro e abril de 2023 ficou estável frente ao trimestre de novembro de 2022 a janeiro de 2023, que era de 8,4%, e apresentou queda de 2,0 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, quando o índice era de 10,5%.
A população desocupada atingiu 9,1 milhões de pessoas, com estabilidade em relação ao trimestre anterior e diminuição de 19,9% na comparação anual. Além disso, a subutilização caiu 2,5% na comparação com o trimestre anterior, uma retração de 19,6% ao ano, chegando a 21 milhões de pessoas.
O rendimento real habitual foi de R$ 2.891, demonstrando estabilidade frente ao trimestre anterior e uma elevação anual de 7,5% no ano. Ainda conforme o instituto, a taxa de informalidade registrada foi de 38,9% da população ocupada, pouco abaixo dos 39% no trimestre anterior e 40,1% no mesmo trimestre de 2022.
No entanto, de acordo com o IBGE, a população fora da força de trabalho apresentou elevação de 1,3% ante o período anterior, indo a 67,2 milhões, com uma alta de 3,5% no ano. Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV/Ibre, aponta que essa era uma tendência observada anteriormente. “A taxa de participação tinha se estabilizado em um nível inferior ao nível pré-pandemia e vem caindo novamente”.
Marco Caruso e Igor Cadilhac, economistas do Banco Original, destacam que muitas pessoas consideradas aptas a trabalhar não estão procurando emprego e não são consideradas desempregadas. “Um possível incentivo para esse movimento são os estímulos de transferência de renda por parte do governo, com contornos de renda permanente”, completam.
Na avaliação de Duque, a própria taxa de participação explica a disparidade entre o dado de desocupação estimado pelo consenso e o registrado pelo IBGE. “A geração de emprego foi bem baixa. Como a taxa de participação tem essa pequena tendência de queda, qualquer pequeno aumento de emprego joga a taxa de desemprego lá para baixo”, explica o economista, que avalia ser mais fácil prever geração de emprego do que quanto as pessoas vão efetivamente participar da taxa.
Para as próximas divulgações, com taxa de juros básica (Selic) ainda no patamar de 13,75%, a tendência é de que os dados reflitam essa participação nos meses seguintes. “A gente deve continuar vendo geração de emprego quase nula, bem baixa mesmo. Com isso, a dinâmica de desemprego vais ser muito explicada por como vai funcionar a força de trabalho, se vai subir o descer”, completa.