Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O desemprego no Brasil registrou no trimestre encerrado em janeiro a menor taxa para o período em seis anos, favorecida pela expansão do mercado de trabalho no setor do comércio.
Segundo dados da pesquisa Pnad Contínua divulgados nesta sexta-feira, a taxa de desemprego brasileira foi a 11,2% nos três meses até janeiro, de 11,1% no quarto trimestre e ante 12,1% nos três meses imediatamente anteriores, encerrados em outubro.
O resultado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o menor para o período desde 2016, quando a taxa foi de 9,6% e ficou pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 11,4%. No mesmo período de 2021, a taxa de desemprego era de 14,5%.
O mercado de trabalho brasileiro vem paulatinamente se recuperando dos danos causados pela pandemia de coronavírus, vistos principalmente em 2020, mas ainda tem mais de 12 milhões de desempregados.
"A taxa que abre 2022 já está bem distante da de 14,8% em abril de 2021. Isso é reflexo de vacinação avançando, da flexibilização das restrições e da reação da economia", destacou a coordenadora do IBGE, Adriana Beringuy.
O avanço da vacinação no país permitiu a melhora no mercado de trabalho, mas a inflação alta afeta o poder de compra dos consumidores, corroendo a renda real.
O período registrou 12,048 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, uma queda de 6,6% em relação ao trimestre até outubro e de 18,3% sobre o mesmo período do ano anterior.
Já o total de ocupados subiu 1,6% sobre o trimestre imediatamente anterior, com o país registrando 95,428 milhões de pessoas com emprego, o que representa ainda avanço de 9,4% sobre o trimestre encerrado em janeiro de 2021.
"É a primeira vez que a gente consegue ultrapassar o total de ocupados do período pré-pandemia. Esse é um sinal de reação do mercado", disse Beringuy.
O setor de comércio deu o principal impulso ao mercado de trabalho no período, de acordo com Beringuy.
"A expansão do comércio indica a manutenção da tendência de crescimento dessa atividade, principalmente, a partir do segundo semestre de 2021", disse ela.
Nos três meses até janeiro, o número de trabalhadores no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas era de 18,44 milhões de pessoas, um aumento de 2,4% sobre o trimestre até outubro. De acordo com o IBGE, isso supera a população ocupada no setor no período pré-pandemia.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 2,0% nos três meses até janeiro ante o período anterior, mas os que não tinham carteira subiram 3,6%.
Por sua vez, o rendimento médio real atingiu nos três meses até janeiro 2.489 reais, contra mínima da série iniciada em 2012 de 2.465 reais no trimestre encerrado em dezembro.
Mas o resultado representou recuo de 1,1% em relação ao trimestre de agosto a outubro e uma queda de 9,7% frente ao mesmo trimestre de 2021,
"A retração dos rendimentos, que costuma ser associada ao trabalhador informal, esteve disseminada para outras formas de inserção e não apenas às relacionadas à informalidade”, explicou Beringuy.
"Embora haja expansão da ocupação e mais pessoas trabalhando, isso não está se revertendo em crescimento do rendimento dos trabalhadores em geral”, completou.