Roma, 7 fev (EFE).- O vice-presidente do Governo italiano Luigi Di Maio definiu como "legítima" nesta quinta-feira sua reunião com um grupo de "coletes amarelos" e pediu diálogo ao Governo da França, que chamou para consultas seu embaixador em Roma por estes fatos.
"Meu encontro como chefe político do Movimento Cinco Estrelas (M5S) com representantes dos coletes 'amarelos' e alguns candidatos da lista RIC (Reunião de Iniciativa Cidadã) é plenamente legítimo", disse Di Maio em mensagem no Facebook (NASDAQ:FB).
O Governo francês rotulou de "inaceitável" a reunião entre o líder italiano - que governa com a ultradireitista Liga - e os representantes desse movimento contestatário francês e por isso chamou para consultas seu embaixador em Roma.
Di Maio afirmou que "o povo francês é amigo e aliado", embora tenha lamentado que o presidente francês, Emmanuel Macron, "atacou várias vezes o Governo italiano por motivos políticos relacionados com as eleições europeias" do próximo mês de maio.
O vice-presidente do Governo italiano reivindicou o "direito" a dialogar com outras forças políticas que "representam o povo francês".
Além disso, afirmou se sentir "europeísta" e opinou que "uma Europa sem fronteiras significa também liberdade para as relações políticas, não só para o troca de mercadorias e pessoas".
"Para mim esse encontro não representa uma provocação ao Governo francês atual, mas uma grande reunião com uma força política com a qual compartilhamos muitas reivindicações", apontou.
Por fim, descartou que seja uma ingerência nos assuntos internos da França e afirmou que está disponível para se reunir "ao máximo nível com o Governo francês".
O outro vice-presidente do Governo, o líder da Liga, Matteo Salvini, sempre muito crítico com Macron e alinhado com o dirigente da ultradireitista Agrupamento Nacional (antiga Frente Nacional), Marine Le Pen, assegurou que a Itália não quer discutir com a França e advogou por uma reunião para abordar vários problemas que suscitaram tensões entre ambos os países, como a imigração.
Por sua vez, o ministro italiano de Relações Exteriores, Enzo Moavero Milanesi, pediu ao chefe do Executivo, Giuseppe Conte, que "examine com a máxima atenção" a decisão de Paris de chamar para consultas seu embaixador em Roma, Christian Masset.
"França e Itália são nações aliadas e têm uma profunda amizade. A defesa e o debate sobre os seus respectivos interesses e pontos de vista, assim como o debate político diante das próximas eleições ao Parlamento Europeu, não pode prejudicar as sólidas relações que nos unem há décadas", afirmou Moavero Milanesi em comunicado.