Dólar fecha em alta e vai a R$ 5,55 com atrito em torno de IOF e eventual fluxo de saída

Publicado 25.06.2025, 14:54
Atualizado 25.06.2025, 18:10
Dólar fecha em alta e vai a R$ 5,55 com atrito em torno de IOF e eventual fluxo de saída

O aumento da percepção de risco fiscal, diante de atritos entre o governo Lula e o Congresso, e eventuais fluxos de saída típicos de fim de semestre jogaram o dólar para cima na sessão desta quarta-feira, 25. Lá fora, a moeda norte-americana perdeu força na esteira da perspectiva de enfraquecimento da economia dos EUA, com o euro atingindo o maior nível desde outubro de 2021.

Afora uma baixa pontual e bem limitada no início dos negócios, o dólar à vista operou em terreno positivo no restante da sessão. Com máxima a R$ 5,5733, a moeda americana fechou em alta de 0,66%, a R$ 5,5551 - maior valor de fechamento desde o último dia 10 (R$ 5,5704). As perdas no mês, que chegaram a superar 3,50%, agora são de 2,87%. No ano, o dólar recua 10,11% em relação ao real, que apresenta o melhor desempenho entre as divisas latino-americanas.

O tropeço do real é atribuído em grande parte ao aumento de ruídos políticos com o embate entre o Congresso e o governo em torno da agenda fiscal. De forma surpreendente, em postagem a rede social X, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Mota (Republicamos-PB), informou que pautaria nesta quarta a votação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que revoga o decreto de com o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil - AP), afirmou que, uma vez aprovado na Câmara, o PDL seria apreciado pelos senadores. Nos bastidores, o governo se mostra pessimista com a possibilidade de barrar o PDL, informou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"O real se valorizou bastante recentemente muito puxado pelo aumento da taxa Selic, que ampliou o diferencial de juros, atraindo capital estrangeiro. Agora devolve um pouco dos ganhos com a questão fiscal voltando a chamar a atenção", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que o governo não mostra disposição para cortar gastos e pode perder receita adicional se não tiver suas propostas derrubadas no Congresso.

Na terça à noite, em entrevista na TV Record, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o pacote fiscal do governo (composto por Medida Provisória e decreto com recalibragem do IOF), que traria justiça social e atingiria apenas "os moradores da cobertura". As falas de Haddad teriam desagradado as lideranças no Congresso, já insatisfeitas com as ações do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, que emperram o pagamento de emendas parlamentares.

"Essa história envolvendo o IOF mostra que o mercado ainda é sensível ao quadro fiscal, que tinha ficado um pouco de lado com o enfraquecimento global do dólar", afirma o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, que projeta taxa de câmbio em R$ 6,00 no fim do ano. "A questão não é nem se o governo vai entregar as metas do arcabouço fiscal, mas que essas metas são insuficientes para ancorar as expectativas de estabilização da dívida pública."

À tarde, a agenda de classificação de risco Fitch Ratings reiterou o rating "BB (BVMF:BBAS3)" do Brasil, com perspectiva estável. A falta de consolidação fiscal, que leva a ao aumento da relação dívida/PIB, é o principal obstáculo para uma elevação da nota brasileira, avalia a agência.

No último dia 5, a S&P Global Ratings também havia reiterado a nota do Brasil em BB, com perspectiva também estável. No fim de maio, a Moody’s anunciou manutenção da rating brasileiro (Ba1, sem sua escala), um nível abaixo do chamado grau de investimento, mas alterou a perspectiva de positiva para estável - o que deixou o país mais longe do selo de bom pagador.

O retorno dos ruídos políticos se dá em momento tecnicamente desfavorável ao real, com saída de recursos típicas de fim de semestre e recomposição de posições defensivas em derivativos cambiais. À tarde, o BC informou que o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,787 bilhão na semana passada (de 16 a 20 de junho), em razão da saída líquida de US$ 2,623 bilhões pelo canal financeiro.

Pela manhã, o BC vendeu a oferta integral de US$ 1 bilhão oferecidos no mercado à vista e os 20 mil contratos (US$ 1 bilhão) em swaps cambais reversos, que, na prática, significa compra de dólar no mercado futuro. Operadores ressaltaram que a operação teve como objetivo reduzir a pressão no cupom cambial, que reflete a taxa de juros em dólar no Brasil.

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