Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda deixou inalterada em 2,2% sua projeção para o crescimento econômico do Brasil em 2024, ao mesmo tempo em que passou a enxergar uma pressão de preços ligeiramente menor neste ano, mostrou boletim divulgado nesta quinta-feira.
Além da estimativa oficial para a atividade neste ano, antecipada pela Reuters na última semana, a pasta também informou que vê uma elevação de 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, mesmo patamar de seu boletim macrofiscal anterior, divulgado em novembro do ano passado.
As projeções SPE seguem mais otimistas que as do mercado, que aposta em uma alta do PIB de 1,8% neste ano e 2,0% em 2025, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central. Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 2,9%, ajudado por uma safra recorde de grãos e forte resultado das indústrias extrativas, com destaque para petróleo e minério de ferro.
De acordo com a SPE, apesar da manutenção de suas previsões para a atividade, houve revisão nas estimativas de PIB por setor produtivo, com arrefecimento da agropecuária contrabalanceado por avanços em serviços e indústria.
“O setor (da indústria) deverá ser impulsionado pela recuperação da produção manufatureira e da construção, com reflexo nos investimentos pela ótica da demanda”, disse em nota, enfatizando que o crescimento de 2024 deve ser “mais equilibrado” neste ano.
A pasta ainda espera uma alta de 2,5% do PIB de 2026 em diante, enfatizando que para sustentar esse ritmo de expansão, “serão fundamentais as medidas que vêm sendo promovidas pelo governo”, como a reforma tributária, iniciativas microeconômicas e estímulos ao investimento.
A atualização oficial dos dados elaborados pela SPE serve como base para que o governo revise a estimativa para a trajetória de suas receitas e despesas e projete se deve cumprir as regras fiscais para o ano, já que o desempenho da economia influencia a arrecadação de impostos.
O documento com os prognósticos fiscais será divulgado pela equipe econômica na sexta-feira e, segundo informaram fontes do governo à Reuters, deve ser apontada uma necessidade de bloqueio de 2,9 bilhões de reais para compensar gastos maiores que o esperado, enquanto as receitas mostram boa performance.
Em relação à inflação, a SPE passou a ver alta de 3,50% do IPCA este ano, levemente abaixo da previsão de 3,55% do último boletim. Para o ano que vem, a previsão para a alta dos preços foi calculada em 3,10%.
A meta do governo para a inflação é 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
“O impacto do El Niño sobre a inflação de alimentos, etanol e nas tarifas de energia elétrica foi menos intenso do que o inicialmente esperado”, disse a SPE, apontando também reajustes menores em preços administrados.