Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta quinta-feira apontando retração da economia no terceiro trimestre são um "espelho retrovisor" e que os dados de investimento e crédito mostram um cenário mais favorável à frente.
Ainda assim, Guedes previu que as estimativas para o crescimento em 2021 devem sofrer uma pequena diminuição. "Quem estava com 5,1% vai para 4,9% ou 5%", afirmou em entrevista à Reuters.
"Quando se fala em crescimento tem que ver como está a taxa de investimento, e ela está no pico de oito anos. A formação bruta de capital fixo está em 20%, e é um grande número", disse Guedes.
"Olhando o resultado (do PIB) você vê lá queda da agropecuária por conta do clima, e olhando para frente você vê um crescimento da taxa de investimento", acrescentou.
A economia brasileira entrou em recessão técnica ao registrar dois trimestres consecutivos de contração. No terceiro trimestre a queda foi de 0,1%, com a agropecuária como principal destaque negativo, em declínio de 8%.
Os dados do IBGE mostram que a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, recuou 0,1% no terceiro trimestre sobre os três meses anteriores, mas tem alta de 22,7% no acumulado deste ano.
O ministro ressaltou, ainda, que o comportamento positivo dos mercados financeiros brasileiros nesta quinta reflete o avanço da PEC dos Precatórios no Senado, que aprovou o texto em dois turnos, e mostra que investidores teriam entendido que o governo não descumprirá a regra do teto de gastos.
"O fato de o mercado crescer hoje é mais importante, o aspecto fiscal que está sendo resolvido hoje, do que a queda da agro", disse. O dólar à vista caía 0,3%, o Ibovespa subia 2,6%, e os juros futuros negociados na B3 (SA:B3SA3) tinham alívio de até 24 pontos-base.
Para 2022, Guedes destacou que aqueles que falam que a economia brasileira não vai crescer estão errados.
"Temos duas forças na mesa: a dos investimentos para cima e a dos juros mais altos (que restringem a atividade). (Mas) não tenho menor dúvida de que vamos crescer", disse ele.
"Poderia ser 4% de PIB olhando para investimento, mas quando você olha para juros para combater inflação pode ser 1,5% ou 2%."
Segundo especialistas, a economia brasileira perdeu ritmo e deve continuar mostrando fragilidade por pelo menos mais um ano, com uma melhora dependendo de uma virada da inflação e de uma política econômica que estabilize as expectativas para a situação fiscal.
(Texto de Isabel Versiani)