(Reuters) - O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira ser importante a autarquia demonstrar compromisso em atingir a meta de inflação.
Em evento promovido pelo Citi, Guillen afirmou que o ritmo e a magnitude do ciclo de alta nos juros iniciado em setembro dependerão da análise de dados, argumentando que isso dá liberdade para o BC mudar a atuação se o cenário também mudar.
Na apresentação, Guillen destacou que o Comitê de Política Monetária (Copom) tem elevado o tom de suas comunicações sobre a visão do BC em relação ao aperto do mercado de trabalho, diante de uma trajetória de ganhos salariais.
Em setembro, o BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, mas não deu indicação sobre os próximos passos da política monetária.
Ele também ressaltou que a visão do BC sobre um hiato do produto positivo -- quando a economia opera acima de sua capacidade -- muda a forma como são vistas as projeções de inflação à frente.
"Essa foi uma das principais razões para mudarmos as projeções de inflação e explicar por que elas permanecem mais persistentes", afirmou.
Atualmente, o BC projeta que a inflação ficará em 3,7% em 2025 e em 3,5% no acumulado em 12 meses no primeiro trimestre de 2026, atual foco da política monetária.
A meta contínua de inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
De acordo com o diretor, na visão do BC, o hiato do produto ficará em zero em algum momento de 2025, passando para o campo negativo no início de 2026.
Ele ainda afirmou que a política cambial não é usada pelo BC para tratar da inflação, mas sim para resolver disfuncionalidades no mercado.
O diretor destacou que o crescimento real de gasto do governo foi de 7,8% de janeiro a julho de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado, pontuando que esse movimento puxa a demanda agregada.
(Por Bernardo Caram)