Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) -A economia brasileira voltou a crescer em fevereiro, mas em um ritmo abaixo do esperado, mostraram dados do Banco Central nesta segunda-feira.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) registrou em fevereiro alta de 0,34% na comparação com janeiro, de acordo como dado dessazonalizado.
O indicador, que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), marcou com isso um retorno ao crescimento, após queda de 0,73% em janeiro.
O resultado do primeiro mês do ano foi revisado pelo BC de uma contração de 0,99% informada antes.
Na comparação com fevereiro de 2021, o IBC-Br registrou ganho de 0,66%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 4,82%, de acordo com números observados.
O BC retomou a divulgação do IBC-Br depois de um atraso de quase um mês devido à mobilização de servidores, que pressionam o governo por reajustes salariais. A greve chegou a ser suspensa, mas será retomada na terça-feira, segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC.
A atividade econômica brasileira vem enfrentando um cenário de inflação persistentemente alta, agravada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, que eleva preços de commodities e petróleo e afeta ainda o crescimento global.
"Avaliamos que a atividade econômica está mais forte que o esperado anteriormente. De toda forma, o cenário continua desafiador com a inflação alta, a taxa de juros elevada e incertezas tanto do cenário global (Covid na China e guerra na Ucrânia) quanto do processo eleitoral local", avaliou em nota Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal (SA:MODL11).
Buscando conter a alta dos preços, o BC vem elevando a taxa básica de juros Selic, que já está em 11,75%, o que tende a restringir a atividade e o consumo.
A autoridade monetária volta a se reunir na quarta-feira, e a expectativa é de novo aumento de 1 ponto percentual na Selic, com o mercado de olho nas sinalizações que o BC dará sobre a política monetária diante da alta persistente dos preços.
Em fevereiro, a indústria brasileira voltou a crescer, a uma taxa de 0,7%, mas ainda permanecia abaixo do patamar pré-pandemia, enquanto o volume de serviços decepcionou e caiu 0,2%.
O destaque no mês foi o setor varejista, cujas vendas aumentaram 1,1% em relação a janeiro, segundo mês seguido de ganhos e bem mais do que o esperado.
A pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC com uma centena de economistas aponta que a expectativa é de que o PIB cresça 0,70 neste ano, indo a uma expansão de 1,0% em 2023.
"Mantemos a avaliação de que a economia brasileira perderá força ao longo do ano. Acreditamos que o PIB irá avançar moderadamente no primeiro semestre e contrair no segundo semestre de 2022", avaliou Rodolfo Margato, economista da XP (SA:XPBR31), revisando ao mesmo tempo a projeção de crescimento do PIB neste ano de 0% para 0,8%.
(Edição de Luana Maria Benedito)