Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - O mercado aguarda os dados da inflação americana, que será divulgada nesta quarta-feira, indicando quais os possíveis passos do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. A expectativa é que a inflação já tenha passado pelo pior momento, pois em junho, gasolina e alimentos impulsionaram os preços, com indicador atingindo o pico de 40 anos.
A média das estimativas de analistas compiladas pelo Investing.com é de uma inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de 0,2% no mês de julho, uma forte desvalorização contra a alta de 1,3% de junho. Com esse indicador, a inflação anual cairia para 8,7%, contra 9,1% no mês anterior. Já o núcleo da inflação, que desconsidera itens voláteis, resultantes de choques temporários, chegaria a 0,5% em julho, contra 0,7% em junho – com indicador anual em 6,1% em julho, uma alta na comparação com os 5,9% do mês anterior.
Sergio Vale, economista da MB Associados, destaca que ainda há pressão no mercado de trabalho, mostrando que há sinais de desaceleração no país, mas não uma recessão. “Há uma inflação subjacente especialmente na parte de salário, com pressão de custos e inflação no final. O cenário complicado ainda não mudou nos EUA. As notícias positivas são preços de commodities mais baixos, principalmente petróleo, que tem um peso importante na inflação americana”, afirma.
Para Leonardo Mendes, economista e sócio da JB3 Investimentos, os dados devem mostrar um arrefecimento da inflação americana. “O mercado tem precificado nos últimos dias com curva de juros que vem caindo no último mês, nos Treasuries e Bonds e a bolsa se recuperando por lá, demonstrando apetite a risco maior dos investidores, muito baseado nas expectativas de menor inflação. O PIB veio abaixo do esperado e isso faz com que os analistas acreditem que o país esteja na fase final do pico do ciclo inflacionário”, detalha Mendes.
Já Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, reforça que o núcleo é persistente, mesmo com tendência de diminuição no dado “cheio” da inflação oficial americana. Ele cita como itens com inflação persistentes os serviços em geral, aluguéis, alimentação fora de casa, transportes e healthcare.
“Apesar de um certo alívio, o dado de amanhã não trará muito conforto para o Fed, salvo um grande desvio das expectativas para baixo. Crescimento de salários não dá sinais de trégua, e a produtividade está caindo. Nosso mapa de inflação não mostra sinais de trégua da inflação”, concorda. A expectativa da Guide é de uma alta no IPC de 0,30%, com a variação de 12 meses a 8,80% e com o núcleo próximo de 6,0%.
De olho no Fed
Inflação, crescimento e criação de vagas de trabalho são fatores que tem sido olhado de perto pelos investidores. Mendes explica que, como o PIB veio abaixo do esperado, indicando alívio na inflação, o payroll veio acima do esperado. “Os dados de inflação vão ser como um divisor de águas, um desempate na balança nas expectativas dos investidores sobre a probabilidade da continuidade do aumento dos juros nos Estados Unidos e, por consequência, continuidade no cenário de correção das bolsas ou se vai dar amplitude maior no rally de alta nas últimas três semanas na bolsa americana, junto com a queda nos juros”, completa. Se a inflação vier acima do esperado, a autoridade monetária americana pode ter que aumentar mais suas taxas de juros acima do que o mercado tem precificado.
CONFIRA: Monitor da Taxa de juros do Federal Reserve dos EUA