Por Jessica Bahia Melo
Investing.com — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, apresentou alta de 0,62% em dezembro, após variação de 0,41% em novembro. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 10. Com isso, o indicador anual atinge 5,79%, acima da meta novamente.
As projeções consensuais compiladas pelo Investing.com indicavam alta de 0,45% em dezembro, levando a uma variação anual de 5,60%.
A meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Assim, o limite superior da meta é de 5%.
Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos, que projetava variação mensal de 0,47%, aponta que os núcleos surpreenderam para cima, mas os serviços ficaram bem comportados. “Nosso desvio acabou sendo amplamente concentrado em higiene pessoal responsável por 11bps do erro no headline. Ademais, artigos de residência contribuiu com +3bps para o desvio”, avalia. Para o economista, a variação anual teve como grande responsável a alta da alimentação no domicílio, com 13,2%.
Em nota, o banco Santander (BVMF:SANB11) informou que não enxerga a leitura como particularmente desfavorável, tendo em vista que maior parte da surpresa ficou concentrada na recuperação dos preços dos bens industriais após as vendas da Black Friday, segundo Daniel Karp e Felipe Kotinda, economistas da instituição financeira.
David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (NYSE:BAC), concorda que o retorno dos descontos da Black Friday impactou a leitura. Além disso, o bofA afirma que os preços dos combustíveis estiveram entre as principais surpresas negativas. “Mantemos nossa projeção de IPCA para o final de 2023 em 4,80%, mais próxima do limite superior da faixa de tolerância da meta de inflação”, indica.
Variações em 2022
De acordo com o IBGE, o resultado do ano passado foi pressionado principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas, com alta de 11,64%, que teve o maior impacto no acumulado do ano, de 2,41 ponto percentual.
Em segundo lugar, ficou o grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que apresentou elevação de 11,43% e 1,42 p.p. de impacto.
A maior variação foi em Vestuário, com alta de 18,02%. Por outro lado, o grupo Habitação variou apenas 0,07% e Transportes teve baixa de 1,29%, com a maior queda e impacto negativo no indicador.