FRANKFURT (Reuters) - A inflação na zona do euro está caindo rapidamente e a economia começou a contrair, mostraram dados nesta terça-feira, ilustrando o duplo impacto de um ritmo constante de aumentos das taxas de juros do Banco Central Europeu (BCE).
De acordo com estimativa preliminar da Eurostat, agência de estatísticas da zona do euro, os preços cresceram 2,9% em termos anuais em outubro, menor alta desde julho de 2021, quando o BCE ainda estava preocupado com a possibilidade de a inflação ficar abaixo de sua meta de 2%.
Mas o rápido declínio em relação aos números de dois dígitos de apenas um ano atrás está tendo um custo: a economia da zona do euro contraiu 0,1% nos três meses até setembro, de acordo com uma divulgação separada da Eurostat, e está se aproximando de uma recessão.
Os dados parecem consolidar a visão do mercado de que o BCE não vai mais aumentar os juros, que estão em níveis recordes após uma sequência sem precedentes de dez aumentos consecutivos, e agora observará o impacto desses incrementos antes de tomar novas medidas.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, disse nesta terça-feira que os dados que mostram a queda na inflação são "boas notícias" para o banco central.
Mais tarde nesta terça, o presidente do banco central grego, Yannis Stournaras, tornou-se o primeiro formulador de política monetária do BCE a falar sobre um possível corte nos juros em meados do próximo ano se a inflação se estabilizar abaixo de 3%.
Seu colega alemão Joachim Nagel, que é mais "hawkish" (agressivo contra a inflação), no entanto, não descartou mais aumentos, enquanto François Villeroy de Galhau, da França, visto como centrista, disse que as taxas de depósito devem permanecer "no nível atual" pelo tempo que for necessário.
Uma medida de inflação que exclui energia, alimentos, álcool e tabaco também diminuiu --de 4,5% para 4,2%, o nível mais baixo desde julho de 2022.
Todos os componentes da cesta de inflação registraram aumentos menores do que no mês anterior, embora a desaceleração tenha sido mínima nos serviços, de 4,7% para 4,6%, provavelmente como resultado do aumento dos salários.
No entanto, a última etapa da luta contra as pressões de preço pode muito bem ser a mais difícil, com a inflação não retornando à meta de 2% do BCE até 2025, mesmo com base em seus próprios números.
É um processo doloroso também, com a expectativa de que o Produto Interno Bruto dos 20 países que compartilham o euro continue a encolher no último trimestre.
Economistas, de modo geral, concordaram em que a zona do euro está nos estágios iniciais de uma recessão superficial, que pode ser agravada pelos conflitos armados que ocorrem às portas da Europa na Ucrânia e em Gaza.
(Por Francesco Canepa)