Investing.com – O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% no mês de março, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira, 11. Dessa forma, o indicador anual passou de 5,60% para 4,65%. A projeção de consenso era de uma alta de 0,78% no mês de março.
Essa é a primeira vez que o IPCA vai abaixo de 5% desde janeiro de 2021, quando atingiu 4,56%. No ano, o IPCA acumula alta de 2,09%.
“Apesar do valor baixo acumulado, é importante destacar que nos meses de julho, agosto e setembro do ano passado tivemos uma deflação, algo que não deve voltar a acontecer neste ano”, pondera Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad.
Segundo o instituto, dos nove grupos de produtos e serviços avaliados, oito apresentaram elevação no mês passado. O maior impacto e variação foi registrada no setor de transportes, que subiu 2,11%, contra uma elevação de 0,37% no mês de fevereiro. Dentro desse grupo, a maior alta foi na gasolina, com alta de 8,33%, maior impacto do índice. Etanol teve acréscimo de 3,20%, enquanto gás veicular, por outro lado, apresentou uma baixa de 2,61% e diesel queda de 3,71%. Outra queda foi apontada em passagens aéreas, com 5,32% de desvalorização.
A única baixa foi em artigos de residência, com um recuo de 0,27%, item que tinha subido 0,11% em fevereiro. A queda foi influenciada pela retração em itens de televisão, som e informática, assim como eletrodomésticos e equipamentos.
Pelo lado positivo, um dos destaques foi em alimentação e bebidas, grupo com peso relevante, que subiu somente 0,05%. “Esse valor é ainda mais significante considerando que a alimentação no domicílio, a mais essencial, teve deflação. Esse movimento de arrefecimento parece ser um ajuste gradual das cadeias produtivas globais desde o segundo semestre de 2022, em um cenário de melhores safras agropecuárias e de recuperação da incidência da pandemia e da guerra entre Rússia-Ucrânia sobre os produtos agropecuários”, comentam Marco Caruso e Igor Cadilhac, do Banco Original.
A leitura do IPCA veio melhor do que as últimas três divulgações, destacam Daniel Karp e Felipe Kotinda, economistas do Santander (BVMF:SANB11). Para o banco, o principal destaque foi a desaceleração do indicador do núcleo, “com a ajuda de um alívio no núcleo de bens industriais”, apontam os Karp e Kotinda. Ainda que o núcleo de serviços tenha apresentado estabilidade, se for levada em consideração somente medida mensal anualizada e ajustada sazonalmente, os principais serviços desaceleraram na margem.
No entanto, mesmo que a inflação esteja abaixo de 5% e em desaceleração em relação a fevereiro, com alta mensal de 0,84%, economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus projetam IPCA de 5,98% neste ano, acima do centro da meta de 3,25%, com limite de 1,5 ponto percentual.