Investing.com – Após um mês de junho com deflação, a expectativa é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha voltado a apresentar variação positiva em julho, mas ainda próximo da estabilidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados da inflação oficial do país nesta sexta-feira, 11, pela manhã. As projeções consensuais compiladas pelo Investing.com indicam uma alta de 0,07% no mês de julho, depois de uma retração de 0,08% em junho. Dessa forma, o IPCA passaria dos atuais 3,16% para 3,93% em doze meses. A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, caiu 0,07% em julho.
A economista Marcela Kawauti concorda com a projeção de 0,07%. Na sua visão, o primeiro fator que impulsiona o dado é o fim da medida do governo voltada para compra de veículos com desconto, assim como a queda de preços da Petrobras (BVMF:PETR4), que afetou o mês anterior.
“O indicador deve ficar bem perto da estabilidade, apesar desses efeitos. O anúncio de julho já vai começar a mostrar dado em 12 meses para cima e o headline deve vir para próximo de 4%”, afirma a economista.
Para Kawauti, o mercado e o Banco Central devem ficar atentos não somente à inflação cheia, mas aos indicadores de serviços subjacentes, que têm sido resistentes.
“O Banco Central está olhando com mais lupa para isso. Se não acompanharem o headline, vão colocar pressão de preços no futuro e o BC pode não conseguir devolver a inflação à meta”, alerta.
O economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, estima número próximo da estabilidade, mas provavelmente negativo, projetando 0,02% de recuo. “Para cima, em relação ao mês de junho, devem vir os preços de transporte público e de automóveis, que não terão mais queda, com fim do efeito do desconto de impostos. Além disso, a gasolina subiu, claramente”, elenca o economista. Do lado baixista, Gonçalves cita o gás de botijão, alimentos e energia elétrica. “Julho também tipicamente tem deflação de vestuário, pois é mês da liquidação”, completa.
O economista também acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) está mais atento aos serviços, que seguem apresentando queda generalizada, mas ainda pressionam. “Serviços que dependem de renda vão continuar no positivo, serviços pessoais, médicos, empregados domésticos, entre outros”, pontua.
Rubens Fernandes Moura, professor da faculdade Mackenzie Rio, também espera inflação baixa, com possibilidade de deflação. Para o restante dos meses, devido a ações expansionistas do governo, a inflação começa a subir novamente, em sua visão.
Para o economista, o programa de renegociação de dívidas Desenrola, lançado pelo executivo, deve estimular o crédito e a demanda, levando a maiores pressões inflacionárias no futuro. O início do ciclo de flexibilização na taxa de juros também requer atenção, assim como o patamar atual de endividamento do setor público. A redução na taxa de juros ocorreu porque os membros do comitê perceberam que a inflação de demanda estava bem controlada, mas pode haver elevação maior nos próximos meses.
“Pode haver retomada do crescimento da inflação, por isso o Banco Central foi cauteloso em relação ao começo do ciclo de afrouxamento monetário”, acredita, ao lembrar a decisão do Comitê em cortar a Selic pela primeira vez em três anos, com diminuição de meio ponto percentual, passando de 13,75% para 13,25%.