Investing.com – A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 10. O indicador caiu 0,02%, abaixo do esperado, com consenso indicando uma alta de 0,01%.
O indicador também veio abaixo da taxa de julho, quando subiu 0,38%. A inflação registra alta de 2,85% no acumulado do ano e, em doze meses, passou de 4,50% para 4,24%.
Segundo o instituto, dos nove grupos de produtos e serviços avaliados, dois caíram, afetando a leitura do mês passado. O grupo habitação recuou 0,51%, enquanto alimentação e bebidas registraram baixa de 0,44%. Entre as pressões positivas, o indicador teve impacto do grupo de educação, que subiu 0,73%.
A energia elétrica residencial foi destaque baixista no grupo habitação. A energia, que havia subido 1,93% no mês anterior, recuou 2,77% em agosto, com a volta da bandeira tarifária verde.
“Além de o índice geral ter surpreendido o mercado com um resultado inferior ao esperado, estruturalmente estamos diante de um índice marginalmente mais benigno”, avaliou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa. Com leitura positiva, a possibilidade de manutenção da Selic estaria “bem viva”, em sua visão.
Os números foram considerados como “muito bons” por Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos. No entanto, o economista pondera que há incerteza se haverá tempo suficiente para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião. “Mas vai ser bem estranho o Copom subir juros com essa melhora no IPCA”, argumenta, indicando que a inflação deve terminar o ano abaixo do teto.
O economista André Perfeito aponta que a leitura mensal trará mais um tema à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima semana.
“Afinal, o grande receio do mercado era que a melhora do mercado de trabalho iria se traduzir em pressões adicionais na inflação de serviços, contudo, apesar da alta em doze meses, o rendimento médio real ficou estável na margem segundo os dados da PNAD. Talvez não haja mais choques por esse vetor nos preços”, entende o economista, que espera alta na taxa Selic.