Investing.com – A inflação ao consumidor brasileira deve ficar dentro do limite de tolerância da meta em 2023, após dois anos de rompimento. O indicador de dezembro será divulgado nesta quinta, e a expectativa de mercado é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha registrado alta anual de 4,54%, inferior aos 4,75% permitidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) com a banda.
Veja a trajetória mensal do IPCA:
Fonte: Investing.com
Confira o IPCA anual:
Fonte: Investing.com
Para o mês, no entanto, a tendência é de aceleração em dezembro na comparação com novembro. Analistas esperam, em média, uma variação de 0,48%, ante 0,28% do mês imediatamente anterior. As informações serão reveladas às 9h de quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Histórico dos últimos anos da inflação brasileira:
Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, avalia que entre fatores para esta aceleração mensal estão preços de alimentos mais altos e uma retomada dos descontos que foram oferecidos na promoção da Black Friday.
“Ainda que essa Black Friday tenha sido mais fraca em relação a preço, a gente vê que em algum momento esses preços voltam, então pode ser que a gente tenha alimentação um pouquinho mais forte em dezembro”, apontou a especialista em entrevista ao Investing.com Brasil. A Warren segue o consenso e projeta 0,48% em dezembro.
Paula Magalhães, economista-chefe na A.C. Pastore & Associados, que também falou exclusivamente ao portal, ressalta que ainda que o IPCA ronde 4% neste ano, o país conseguiu avançar no processo de desinflação. No entanto, ainda demonstra preocupação com o rumo dos núcleos, diante do ritmo previsto de cortes na taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic.
“Vimos que, no IPCA-15, os núcleos aceleraram um pouquinho na margem, porque o mercado de trabalho ainda está aquecido. Teve alguma queda de população ocupada, mas a massa salarial continua subindo, então isso vai manter o consumo e é um risco para esse ano”, conclui a economista, estimando IPCA em torno de 4,5% em 2023.
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O que mostrou a prévia da inflação de dezembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15, considerado a prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,40% em dezembro, contra variação positiva de 0,33 em mês de novembro, segundo o IBGE. Considerando o acumulado do ano, o IPCA-15 fechou em 4,72%. Em dezembro de 2022, o indicador subiu de 0,52%, enquanto considerando 2022 como um todo, apresentou acréscimo de 5,90%, acima da meta.
De acordo com o instituto, levando em conta somente o mês de dezembro, dos nove grupos pesquisados, sete foram positivos, e o maior impacto e variação veio do grupo de transportes, que subiu 0,77%, puxado pelas passagens aéreas. Este foi o subitem com maior impacto individual no índice do mês, ao disparar 9,02% em meio às festividades de final de ano. O grupo alimentação e bebidas, por sua vez, subiu 0,54%, com destaque para altas de itens básicos como cebola, batata e arroz.
Política monetária em foco
Com o processo de desinflação em curso, economistas esperam a continuidade do ciclo de cortes na Selic ao longo de 2024. Economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus esperam que o IPCA termine 2023 em 4,47%, mas em 3,90% em 2024. Assim, a Selic, que está hoje em 11,75%, poderia cair para 9%, conforme o último relatório divulgado nesta segunda.
Economistas concordam que a diminuição na Selic deve seguir, mas há divergência sobre o ritmo de cortes no futuro – se o Banco Central deveria ou não acelerar o ritmo de cortes diante da expectativa de um crescimento da economia mais modesto neste ano. As últimas comunicações da autoridade monetária sugerem, no entanto, que as próximos decisões tendem a manter o ritmo atual, de cortes em meio ponto percentual.