SÃO PAULO (Reuters) - Com a perda de força na alta dos preços de alimentos, a prévia da inflação oficial do país desacelerou em agosto um pouco mais do que o esperado, mas em 12 meses continuou estourando a meta do governo para este ano e mantendo a pressão sobre o Banco Central no gerenciamento da política monetária.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,45 por cento neste mês, após avançar 0,54 por cento em julho, abaixo do esperado por especialistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava alta de 0,47 por cento em agosto.
No acumulado em 12 meses até agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, o indicador subiu 8,95 por cento, acima do teto da meta --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Neste mês, os preços do grupo Alimentação e bebidas subiram 0,78 por cento na comparação com julho, quando havia avançado 1,45 por cento. Segundo o IBGE, o feijão-carioca mostrou forte desaceleração na alta, a 4,74 por cento, frente ao avanço de 58,06 por cento no mês anterior.
Os preços de alguns produtos chegaram a ficar bem mais baratos de julho para agosto, com os da cebola (-22,81 por cento) e o da batata-inglesa (-18,00 por cento). Alimentação é o grupo com maior peso sobre o IPCA-15
Outro destaque que tirou pressão sobre o IPCA-15 foi o grupo Vestuários, cujos preços recuaram 0,13 por cento neste mês, depois de terem caído 0,08 por cento em julho.
Na ponta oposta, destaque para a alta de 0,90 por cento nos preços com Educação em agosto.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC volta a se reunir para definir o rumo da taxa básica de juros, atualmente em 14,25 por cento ao ano. A curva de juros futuros indica que a Selic será mantida no atual patamar, segundo cálculos da Reuters. Um corte viria somente em novembro..
Na mais recente pesquisa Focus do Banco Central, os economistas consultados veem o IPCA encerrando o ano com alta de 7,31 por cento e a Selic a 13,75 por cento ao ano. Já o Top 5, grupo dos economistas que mais acerta as projeções no levantamento, vê a inflação em 7,51 por cento e o BC não reduzindo os juros neste ano.
(Por Patrícia Duarte)