IPCA-15 desacelera mais que o esperado em junho, com leve queda de alimentos

Publicado 26.06.2025, 09:02
Atualizado 26.06.2025, 10:00
© Reuters. Feira no Rio de Janeiron08/07/2021. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira

SÃO PAULO (Reuters) - O aumento da energia elétrica em junho foi compensado pelo leve recuo nos custos de alimentação depois de nove meses de alta e o avanço do IPCA-15 desacelerou, levando a taxa em 12 meses a enfraquecer em meio ao ciclo de aperto monetário do Banco Central.

Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,26%, após alta de 0,36% em maio, resultado que ficou pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,30%.

Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram ainda que o IPCA-15 acumulou alta de 5,27% nos 12 meses até junho, de 5,40% em maio e ante expectativa de economistas de 5,31%, segundo pesquisa da Reuters.

Ainda que tenha enfraquecido, esse resultado permanece acima da meta oficial, de 3,0% medido pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os dados do IPCA-15 foram divulgados uma semana depois de o Banco Central ter decidido elevar a taxa básica de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 15% ao ano, considerando que ela deve permanecer inalterada por "período bastante prolongado".

Nesta quinta, o BC disse que as projeções para o comportamento dos preços tiveram leve queda para 2025 e 2026, mas com expectativas ainda desancoradas, sem melhora nas previsões de mercado para períodos mais longos.

"Os preços de serviços seguem pressionados", disse o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung. "Além disso, os núcleos de inflação têm se mantido, há meses, acima do nível compatível com o cumprimento da meta. Esses fatores, além da desancoragem das expectativas de inflação, justificaram a alta marginal da Selic e reforçam a sinalização de manutenção de uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado."

O IBGE destacou que, em junho, o grupo de maior impacto no IPCA-15 foi Habitação, com alta de 1,08% depois de os custos da energia elétrica residencial terem avançado 3,29%.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou no final de maio que as contas de luz teriam bandeira tarifária vermelha patamar 1 no mês de junho, o que implica cobrança adicional de R$4,46 a cada 100 kW/h consumidos.

Por outro lado, compensaram os custos da energia a primeira queda do grupo Alimentação após nove meses consecutivos de alta, de 0,02%. A alimentação no domicílio recuou 0,24% em junho, com quedas do tomate (-7,24%), do ovo de galinha (-6,95%), do arroz (-3,44%) e das frutas (-2,47%). No lado das altas, entretanto, destacaram-se a cebola (9,54%) e o café moído (2,86%).

Ainda exerceu impacto negativo no índice o recuo de 0,52% nos preços da gasolina, que ajudou os combustíveis a registrarem queda de 0,69%. Óleo diesel (-1,74%), etanol (-1,66%) e gás veicular (-0,33%) também tiveram deflação.

Segundo cálculos de André Valério, economista sênior do Inter, o núcleo da inflação, medida que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, recuou de 0,4% em maio para 0,31% em junho, o menor valor desde setembro de 2024. Já a inflação de serviços acelerou em junho, de 0,15% para 0,31%.

"Dado que a reversão que se vê nesse momento ocorre através de itens pouco sensíveis à taxa de juros e que o atual ciclo de aperto monetário ainda não foi completamente transmitido à economia, não se pode descartar uma inflação menor que o esperado no segundo semestre", disse ele.

No entanto, prevendo uma inflação perto de 5% no fim do ano, ele destacou: "um eventual início do ciclo de cortes na reunião de dezembro deste ano dependerá de uma atividade mais fraca que o esperado."

A mais recente pesquisa Focus realizada pelo BC mostra que a expectativa de especialistas é de que a inflação termine este ano a 5,24%, com a Selic a 15%.

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