Investing.com – O Federal Reserve deve elevar a taxa de juros nos EUA em mais 0,25% na reunião de política monetária desta quarta-feira, 3, com base nas expectativas da ampla maioria dos participantes do mercado, que também esperam que as autoridades do banco central do país sinalizem uma pausa no ciclo de aperto para avaliar seu impacto.
Os investidores desejam saber se o banco central dos EUA indicará uma interrupção nos aumentos de juros após a decisão de maio ou se manterá viva a possibilidade de um aumento adicional em junho ou no restante do ano.
"Os preços de mercado estão agora em linha com a visão da nossa equipe de que o Fed realizará mais um aumento de 25 pontos-base e interromperá o ciclo logo em seguida", declararam os analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) em uma nota emitida aos clientes na véspera da reunião.
Caso se concretize esse último aumento, a taxa referencial do Fed ficará na faixa de 5% a 5,25%, o que não apenas marcaria o maior nível de juros desde 2007, como também ficaria na extremidade superior da previsão do Resumo de Projeções Econômicas do Fed, divulgado em março.
No entanto, o encerramento do ritmo mais rápido de elevação de juros em quatro décadas também traria desafios para o Fed.
A inflação continua acima da meta de 2% do banco, mostrando que ainda há mais trabalho a ser feito para arrefecer a economia. Mas os transtornos no sistema bancário local, que ganhou um novo capítulo com o colapso do First Republic (NYSE:FRC), pode acabar ajudando o Fed a combater a inflação, em caso de recuo nas concessões de crédito, o que restringiria o crescimento da economia.
“O aperto do Fed está aumentando o custo do dinheiro. Isso, aliado a um sistema bancário menos acomodatício, é capaz de desacelerar a economia”, explicou Sean O’Hara, presidente da Pacer ETFs.
“Basicamente, o Fed pode interromper o ciclo após o aumento de juros [em maio] e deixar o aperto do mercado de crédito realizar o resto do trabalho”, acrescentou.
As condições mais restritas de crédito devem desacelerar a economia americana em 2023 em cerca de 0,4%, de acordo com o Goldman Sachs (NYSE:GS), o que equivaleria a um impacto de 40 pontos-base de aumento de juros. Nesse cenário, o Fed deve enfatizar a necessidade de adotar um regime de juros elevados por mais tempo e ressaltar que os próximos dados serão fundamentais para as decisões futuras de política monetária.
“O Fed fará uma pausa no momento em que a inflação subjacente permanece elevada e, por essa razão, é provável que mantenha os juros altos por um período maior”, afirmou o Morgan Stanley, prevendo que o primeiro corte de 25 pontos-base só ocorrerá no 1º tri de 2024.
O presidente do Fed, Jerome Powell, que se opôs às expectativas de corte de juros durante a entrevista coletiva pós-anúncio de juros de março, pode fazê-lo novamente, mas desta vez com mais vigor.
“Na coletiva, esperamos que Powell mostre a necessidade de maior dependência aos dados, sugerindo que o próximo movimento da política monetária está mais inclinado para uma alta do que para um corte de juros”, declarou o UBS em nota.