O CEO do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), Roberto Sallouti, avalia que os números atuais da economia brasileira estão bem, inclusive os próprios indicadores fiscais estão melhores que o esperado, mas existe muita preocupação com o futuro. E a principal delas é o temor de se o arcabouço fiscal vai ser respeitado ou não. "Acho que vai", disse em evento do Santander.
"Não acho que a gente vai ter um cenário tão benigno quanto se imaginava no final do ano passado. Nem tão preocupante como se imaginou em alguns momentos do segundo trimestre", disse o presidente do BTG.
No debate, que reuniu o presidente do Santander Brasil (BVMF:SANB11), Mario Leão, Sallouti fez um rápido resumo da gangorra em que se transformou a economia, local e internacional, na primeira metade do ano. O Brasil virou o ano com o câmbio na casa dos R$ 4,80 e o Federal Reserve sinalizando até seis cortes este ano.
Mas este cenário rapidamente mudou, com a inflação nos Estados Unidos mostrando resistência à queda, e um debate de que o Fed teria que voltar a elevar juros.
No Brasil, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a independência do Banco Central e o controle de gastos, acompanhadas de mudança da meta fiscal e Banco Central dividido sobre os rumos da Selic, ajudaram a azedar o ambiente.
Foi o dólar bater em R$ 5,70 que ligou a luz amarela em Brasília. "O câmbio é o que melhor tem refletido as expectativas", disse Sallouti. Nesse momento, o governo passou a falar em respeito ao arcabouço fiscal e diretores do BC escolhidos pelo governo começaram a falar a favor de mais dureza no combate à inflação, ajudando a trazer certo alívio.