Por Kevin Yao e Elias Glenn
PEQUIM (Reuters) - A economia da China cresceu 6,7 por cento no terceiro trimestre e deve atingir a meta para o ano, impulsionada pelos gastos mais fortes do governo, por empréstimos bancários recordes e por um mercado imobiliário aquecido que ampliam a crescente dívida do país.
Os dados divulgados nesta quarta-feira mostram uma economia que está lentamente se estabilizando, porém cada vez mais dependente dos gastos do governo e do boom imobiliário para o crescimento, uma vez que o investimento privado e as exportações permanecendo fracos.
Alguns economistas acreditam que Pequim tem tido que "dobrar" os estímulos neste ano para atingir a meta de crescimento oficial de entre 6,5 e 7 por cento. Eles dizem que a obsessão do governo com o cumprimento de objetivos rígidos pode prejudicar as reformas planejadas e a saúde a longo prazo da segunda maior economia do mundo.
"Até agora neste ano eles têm claramente escolhido fazer tudo o que podem para atender às metas de crescimento e agora há uma certa surpresa de alta no mercado imobiliário, que vai na verdade ajudá-los com o crescimento do PIB neste ano", disse o diretor de economia da Oxford Economics em Hong Kong, Louis Kuijs.
"A questão realmente é, a liderança está disposta a adotar metas de crescimento um pouco mais baixas, a fim de colocar o crescimento numa base mais sustentável, ou se sentirá obrigada a continuar mantendo essas metas de crescimento muito elevadas."
A economia cresceu no terceiro trimestre ao mesmo ritmo do primeiro e segundo trimestres na comparação anual, como esperavam analistas consultados pela Reuters. Projetos de infraestrutura do governo e o boom imobiliário impulsionaram os preços e a demanda de matérias-primas, além de bens como cimento e aço.
O PIB expandiu 1,8 por cento no trimestre sobre os três meses anteriores, informou nesta quarta-feira a Agência Nacional de Estatísticas, em linha com as projeções do mercado e comparado com 1,9 por cento de crescimento no segundo trimestre, em dado revisado.
Os indicadores de setembro ficaram amplamente em linha com as expectativas e melhoraram ligeiramente sobre agosto, mas o crescimento da produção industrial esfriou inesperadamente para 6,1 por cento sobre o ano anterior, contra expectativas de alta de 6,4 por cento.
O investimento em ativo fixo aumentou 8,2 por cento entre janeiro e setembro sobre o ano anterior, como esperado, com o governo elevando os gastos em infraestrutura. Os gastos fiscais nos primeiros nove meses do ano avançaram 12,5 por cento.
A expansão do investimento privado acelerou para 4,5 por cento em setembro após cair a mínimas recordes nos últimos meses, mas ainda fica bem atrás do investimento das empresas estatais. Nos primeiros nove meses, o investimento privado subiu apenas 2,5 por cento.
As vendas no varejo avançaram 10,7 por cento em setembro na base anual, contra expectativa de 10,6 por cento.
A economia da China expandiu 6,9 por cento em 2015, ritmo mais fraco em 25 anos.