Investing.com – Com evolução favorável para o cenário inflacionário americano e maiores receios sobre o mercado de trabalho e o ritmo de crescimento, analistas concordam no “quando”, mas agora vão verificar o “quanto”. O discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio anual de Bancos Centrais em Jackson Hole, em Wyoming, ofereceu uma análise detalhada da situação econômica atual e das perspectivas futuras, consolidando a visão do mercado de cortes de juros em setembro. Com os receios de que o Fed possa estar atrás da curva, com riscos mais direcionados para o mercado de trabalho, tendo em vista o duplo mandato de inflação e emprego, os investidores agora vão buscar, nos próximos dados, indicativos para maior ou menor chance de eventual recessão, o que pode afetar as apostas no ritmo de cortes.
“Com um tom dovish, a autoridade afirmou que o corte está praticamente garantido devido à fraqueza no mercado de trabalho”, destacou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa. As declarações de Powell reforçaram a percepção da Ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC), divulgada nesta semana, de que haveria chegado o momento dos cortes de juros nos EUA. “Ainda que ele não tenha definido data para isso, no entanto, fica implícito que existe uma probabilidade considerável de que tal movimento comece na próxima reunião de setembro”, completa Willliam Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.
No entanto, Powell teria deixado em aberto a magnitude dos cortes. “Esse deve ser o novo foco do mercado ao longo das próximas semanas, antecipar se teremos um corte de 0,25 ponto percentual ou 0,5 p.p. nos juros americanos em setembro”, acredita Cristian Pelizza, economista-chefe da Nippur Finance, que entende que o que vai ditar a intensidade dos cortes deixa de ser a perspectiva inflacionária, mas passa a ser o mercado de trabalho e os riscos de uma recessão.
Para Yuri Alves, economista da Guide Investimentos, uma cautela do chairman do Fed em sinalizar uma flexibilização mais agressiva levou a resposta contida dos investidores. “Ele deixou claro que o Fed permanecerá dependente dos dados, ajustando sua política conforme os novos dados econômicos surgirem. Essa postura prudente buscou moderar as expectativas do mercado quanto a cortes agressivos, especialmente diante de dados econômicos recentes mistos, como o esfriamento mais expressivo do mercado de trabalho, ainda que o consumo se mantenha resiliente”, entende Alves.
Assim, Powell reforçou compromisso do Fed com a estabilidade de preços, levando a inflação de forma sustentável à meta de 2% e com mercado de trabalho robusto. “A mensagem central foi de uma confiança cautelosa, indicando que o Federal Reserve está preparado para ajustar sua política conforme novos dados se apresentem, sempre visando garantir uma economia estável e próspera”, adicionou o economista da Guide.
Nesta sexta, as estimativas de analistas indicam maior probabilidade de que o Fed corte os juros em 0,25 ponto percentual, ainda que a curva tenha ampliado a chance uma diminuição mais expressiva, em meio ponto percentual.
A ferramenta de Monitor de Juros do Fed do Investing.com indicava 34% de probabilidade de a taxa básica cair do nível atual, entre 5,25% e 5,50%, para o intervalo entre 4,75% e 5,00% no próximo mês. Enquanto isso, para um início do ciclo de cortes de 0,25 ponto porcentual, levando as fed funds para a faixa entre 5% e 5,25%, a projeção é de 66%.
Fonte: Monitor de Juros do Fed