Por Yasin Ebrahim
Investing.com – O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fará um depoimento no Capitólio nesta terça-feira (7), e a expectativa é que o chefe do banco central dos EUA não endosse a perspectiva de forte alta de juros do mercado, diante de dúvidas quanto à continuidade da reaceleração econômica observada desde a virada do ano, de acordo com especialistas.
Os participantes do mercado estão projetando atualmente uma elevação adicional de cerca de 86 pontos-base (pb), porém, na visão do banco japonês MUFG, é pouco provável que Powell se mostre a favor de um aumento dessa escala, quando fizer seu depoimento semestral ao Congresso americano na terça e na quarta-feira.
O mais provável é que o presidente do Fed “aguarde mais dados nos próximos meses para ver se a força da atividade e da inflação se mantém, antes de se comprometer firmemente com mais elevações de juros”, acrescentou.
Em uma entrevista em fevereiro, Powell admitiu que os membros do Fed não esperavam que os dados do mercado de trabalho de janeiro viessem tão fortes, mostrando que o progresso na convergência da inflação para a meta levaria bastante tempo.
Uma série de dados econômicos robustos, incluindo o relatório de empregos de janeiro, e sinais de inflação aderente forçaram os participantes do mercado a abandonar a disposição de “brigar com o Fed” recentemente.
Os investidores estão agora prevendo que o pico da taxa básica de juros ficará acima do nível de 5,1% projetado pelo Fed em dezembro, o que suscitou rumores de que as taxas poderiam inclusive alcançar perto de 6%.
Embora a força da economia americana no início do ano tenha pegado muitos analistas e investidores de surpresa, outros participantes do mercado sugerem que é necessário aguardar mais dados para avaliar se a reaceleração econômica é real ou transitória.
“Para qualquer aperto adicional além da reunião de maio, precisaríamos ver evidências de que a reaceleração é concreta”, declarou o Morgan Stanley (NYSE:MS).
Felizmente, os investidores não vão precisar esperar muito para ter uma perspectiva mais clara da atividade nos EUA. O relatório de empregos referente ao mês de fevereiro será divulgado na sexta-feira (10) e não deve replicar a sólida criação de mais de 500.000 postos de trabalhos observada em janeiro.
“Não é provável que vejamos outro relatório de empregos urbanos tão forte nesta semana”, declarou o MUFG, apesar de o banco permanecer atento a uma surpresa nos ganhos salariais, que representam, em sua visão, o maior risco de aumento das taxas dos títulos dos EUA e, consequentemente, do dólar.
Por enquanto, contudo, os últimos dados sólidos da economia do país dissiparam apostas de uma mudança de postura do Fed, as quais previam um corte de juros em breve.
“Mudamos nossa previsão de primeiro corte de juros nos EUA de dezembro de 2023 para março de 2024. Além disso, esperamos um ciclo de flexibilização muito mais gradual, com cortes de 25 pb por trimestre, e não mais por reunião", acrescentou o Morgan Stanley.