Selic: Copom vai reduzir intensidade de alta, foco está no comunicado

Publicado 04.05.2025, 22:42
Atualizado 05.05.2025, 07:27
© Banco Central

Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) realiza nesta semana o primeiro encontro após a adoção maciça de tarifas de importação pelos EUA. Os dois dias de reunião ocorrem nesta terça (6) e quarta-feira (7).

O consenso do mercado é de redução da intensidade de alta da taxa Selic, de 1 ponto percentual nas últimas três reuniões para uma elevação de 50 pontos-base. As maiores divergências dos economistas estão no tom do comunicado após a decisão e na taxa terminal no atual ciclo de alta, que se iniciou em setembro do ano passado, quando a taxa Selic subiu de 10,5% para 10,75%. Desde então, a taxa básica de juros subiu 35,7%, ou 375 pontos-base.

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Dos três economistas ouvidos pelo Investing.com, dois projetam alta na taxa Selic em meio ponto percentual na quarta-feira, para 14,75%, enquanto um economista estima elevação de 75 pontos-base, para 15%. “Eu já subiria 75 pontos-base”, diz o economista André Perfeito, que prevê uma taxa terminal em 15%, igual ao mercado, mas entregaria a alta concentrada em maio. “Eu vou errar essa projeção, o Copom deve entregar 50 pontos-base em maio e 25 em junho”, avalia Perfeito.

Marcos Antonio Caruso, economista do Santander (BVMF:SANB11), prevê uma taxa Selic terminal em 14,75%, ou seja, o fim de ciclo será na reunião desta semana. Caruso aposta que o comunicado já deve conter o trecho que aborde que maio será a última alta do atual ciclo. “O comunicado deve sugerir ‘não fazer nada’ em junho no cenário-base, mas, se for necessário, pode haver um ajuste de menor magnitude”, aponta o economista do Santander, ao se referir o tamanho de endurecimento monetário entregue no atual ciclo e as incertezas externas trazidas pelas tarifas sobre importações nos EUA.

“O mais importante vai ser a mensagem”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, relembrando o patamar muito restritivo da política monetária com o governo injetando dinheiro na economia. “O Copom vai deixar os juros restritivos até o momento que dê um tranco na economia, ou eles vão parar agora?”, questiona Bresciani, que também vai ficar atento em relação à interpretação do colegiado em relação à guerra tarifária entre EUA e China.

Sobre o tom do comunicado, Bresciani do Andbank antevê um conteúdo menos hawkish, enquanto Perfeito e Caruso preveem um tom duro. “O comunicado deve nos dar um cenário, previsibilidade, dando o entendimento do colegiado a respeito dos efeitos do choque de juros e das incertezas externas”, explica Bresciani.

“O Copom deve continuar apontando todos os desafios desse ciclo, mas parando para ver os efeitos”, diz Caruso do Santander, que relembra que uma taxa de juro real de 9,5% ainda não proporcionou uma queda nas projeções de PIB e inflação de 2025 e de 2026.

“Talvez comece a trazer o argumento do high for long”, prossegue Caruso, ao apostar que o Copom deve sinalizar a manutenção da taxa em 14,75% por bastante tempo até que a inflação comece a ceder em direção ao centro da meta (3%) e que as expectativas de inflação sejam reancoradas. “Talvez tenha algum tipo de racha”, finaliza Perfeito, projetando que a decisão de quarta não será unânime, conforme foram as últimas decisões.

Desafios do Copom

O objetivo do Copom é conduzir a política monetária para a inflação atingir o centro da meta de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O IPCA, índice oficial de inflação do Brasil, está com uma alta acumulada de 5,48% em 12 meses encerrados em março, enquanto a prévia de abril, o IPCA-15, aponta uma inflação anualizada de 5,49%. Ou seja, bem cima da margem superior de tolerância e longe do centro da meta, o que é reiterado pelos diretores do colegiado.

De acordo com o último Boletim Focus, que reúne as projeções de economistas de mercado pelo BC, a estimativa do IPCA para o fim de 2025 é de 5,55%, e de 4,51% para 2026. Isso significa uma desancoragem das expectativas, algo reiterado pelo Copom em discursos de diretores, nos comunicados e atas das reuniões.

Essa inflação mais elevada reflete, além de uma alta no preço dos alimentos devido à seca, uma economia aquecida e um mercado de trabalho apertado. Apesar de a atividade apresentar sinais incipientes de moderação, o mercado de trabalho continua a ser um ponto de atenção da política monetária. A taxa de desemprego no trimestre encerrado em março subiu para 7%, mas um patamar abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado.

A comparação da taxa de desemprego com o mesmo período do ano anterior é importante porque é sazonal que o desemprego cresça nos primeiros meses do ano. Os cálculos do Bradesco Asset Management apontam uma taxa de desemprego em 6,4% no período, um recuo de 6,5% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro, com um rendimento médio real crescendo 0,3% na margem, elevando assim a massa de rendimento real em 0,4% no mês e 4% no ano.

Outra preocupação do Copom é o reflexo da política fiscal expansionista no preço dos ativos. A trajetória do endividamento público continua em elevação, mesmo com as contas públicas apresentando melhora, mas ainda insuficiente. E cresce a incerteza quanto à sustentabilidade do arcabouço, especialmente após 2026. Além das incertezas internas, a guerra comercial entre EUA e China acrescenta dúvidas em relação aos efeitos da desaceleração global à atividade econômica interna e seus efeitos na inflação brasileira.

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