Investing.com – A Capital Economics elencou três grandes questões que estão moldando a perspectiva econômica mundial em uma nota divulgada na segunda-feira, 23: a economia pós-covid, o fraco desempenho da Europa e os principais riscos futuros.
1) Como devemos entender a economia pós-covid?
Durante a pandemia, o suporte fiscal sustentou a demanda dos consumidores, com o excesso de poupança estimulando os gastos nos anos seguintes. Atualmente, entretanto, muitas economias avançadas enfrentam um descompasso entre a política fiscal e monetária.
A Capital Economics argumenta que os déficits fiscais são excessivos, enquanto as taxas de juros estão muito altas. Um reequilíbrio, com políticas fiscais mais restritivas e políticas monetárias mais flexíveis, seria necessário para estabilizar essas economias.
Do lado da oferta, a pandemia causou transtornos significativos, reduzindo a oferta agregada. Ao mesmo tempo, a expansão monetária e fiscal aumentou a demanda, o que gerou inflação em 2021-2022.
Com a normalização dessas distorções, economias como os EUA se beneficiaram do aumento da imigração, o que ampliou a oferta de mão de obra, permitindo maior produção com inflação controlada, abrindo espaço para um cenário de "pouso suave", onde o controle inflacionário não requer uma recessão.
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2) Por que a Europa está atrás dos EUA?
A análise destaca o desempenho inferior da Europa em comparação com os EUA. Desde o período pré-covid, a economia dos EUA cresceu quase 10%, enquanto a zona do euro avançou apenas 3,9%.
Uma explicação comum é que os EUA têm mais hipotecas de taxa fixa, protegendo melhor as famílias da alta dos juros. No entanto, a Capital Economics aponta o menor apoio fiscal e o choque energético decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia como as principais razões para os problemas da Europa.
Além disso, fraquezas estruturais em setores-chave, especialmente na Alemanha, devem continuar a prejudicar o crescimento. A expectativa é que o crescimento da zona do euro permaneça baixo, com projeções de PIB abaixo do consenso de mercado. Mesmo que o Banco Central Europeu comece a reduzir as taxas, isso pode não ser suficiente para impulsionar o crescimento.
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3) Quais são os principais riscos para o cenário global?
Entre os riscos que podem alterar o cenário econômico, o maior é a possibilidade de uma recessão nos EUA, embora a Capital Economics ainda considere mais provável um pouso suave.
Riscos políticos também preocupam, especialmente as incertezas em torno das eleições nos EUA. Propostas de Donald Trump poderiam reduzir o PIB dos EUA e aumentar a inflação, mas a análise sugere que essas medidas podem ser moderadas na prática.
Além disso, os problemas econômicos da China são vistos como estruturais, sem risco iminente de colapso repentino. No entanto, choques geopolíticos, como um conflito entre China e Taiwan ou instabilidade no Oriente Médio, não podem ser descartados.
Por fim, a crescente dívida pública nas economias avançadas é considerada um risco de longo prazo. Déficits fiscais elevados e dívidas crescentes podem gerar volatilidade nos mercados de títulos globais, especialmente com as eleições nos EUA e Alemanha se aproximando. Qualquer sinal de descontrole fiscal pode desestabilizar os mercados.
A análise conclui afirmando que "às vezes os maiores riscos estão à vista, mas não são percebidos."