Governo Lula diz que soberania é inegociável após Trump confirmar taxas
Investing.com – Os índices futuros das bolsas nos Estados Unidos avançam, após o acordo entre EUA e União Europeia que afasta o risco de uma guerra comercial mais severa.
A atenção dos mercados agora se concentra nas tratativas entre Washington e Pequim na Suécia, em meio a relatos de que as duas maiores economias devem prolongar a atual trégua tarifária.
Além do prazo de 1º de agosto para a aplicação de tarifas mais elevadas pelos EUA contra diversos países, a semana será marcada pela divulgação de balanços corporativos relevantes, dados macroeconômicos e por decisões de política monetária nos EUA e no Brasil.
1. Futuros em alta após acordo entre EUA e UE
Os índices futuros das bolsas norte-americanas começaram a sessão desta segunda-feira em terreno positivo, com investidores avaliando os desdobramentos comerciais recentes e se posicionando para uma agenda carregada de balanços, indicadores e decisões de bancos centrais ao longo da semana.
Às 7h30 de Brasília, o contrato futuro do Dow Jones registrava alta de 146 pontos, ou 0,3%, o do S&P 500 avançava 25 pontos, ou 0,4%, e o do Nasdaq 100 ganhava 127 pontos, ou 0,5%.
O S&P 500 e o Nasdaq, este último com forte concentração em tecnologia, encerraram a sessão de sexta-feira em níveis recordes, ampliando a sequência de valorização em Wall Street. Balanços positivos e a percepção de maior previsibilidade em relação à política tarifária dos EUA contribuíram para sustentar o mercado acionário nas últimas semanas.
As bolsas americanas também refletiam o desempenho positivo da Europa, onde os índices atingiram o maior patamar em quatro meses.
No domingo, durante evento na Escócia, o presidente dos EUA anunciou um acordo comercial com a União Europeia que estabelece tarifa de 15% para produtos europeus vendidos no mercado americano.
Esse pacto prevê compras de energia e equipamentos militares norte-americanos pela UE e inclui investimentos vultosos na economia dos Estados Unidos.
Trump afirmou que o bloco europeu se comprometeu a importar US$ 750 bilhões em energia e a realizar US$ 600 bilhões em aportes em território norte-americano.
Segundo o presidente, “eles concordam em abrir seus países para o comércio com tarifa zero”, acrescentando que a UE irá adquirir uma ampla gama de equipamentos militares dos EUA.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou que o acordo inclui tarifas de 15% de maneira abrangente e ressaltou que a medida visa “reequilibrar” a balança comercial. Em 2024, dos US$ 3,3 trilhões em importações dos EUA, mais de US$ 600 bilhões tiveram origem nos 27 países do bloco.
Esse entendimento reduz as tensões para investidores que temiam a entrada em vigor, em 1º de agosto, de tarifas adicionais sobre bens europeus. A expectativa era de que as alíquotas chegassem a 30%, e o bloco buscava um acordo de reciprocidade tarifária junto à Casa Branca.
2. Negociações entre EUA e China devem estender trégua
Segundo fontes ouvidas pelo South China Morning Post (SCMP), EUA e China devem anunciar, nas conversas que começam nesta segunda-feira em Estocolmo, a prorrogação por 90 dias da atual trégua tarifária.
O acordo temporário, firmado em maio, que suspendeu a maioria das tarifas, tem validade até 12 de agosto.
De acordo com a publicação, esta terceira rodada de negociações deve servir para definir as posições de cada parte sobre pontos pendentes, especialmente as preocupações norte-americanas com a sobrecapacidade industrial chinesa, sem expectativa de avanços concretos imediatos.
Ainda segundo as fontes, durante o período de prorrogação não estão previstas novas tarifas nem a escalada do conflito. A delegação chinesa também deverá pedir esclarecimentos a Washington sobre as tarifas de 20% impostas em março a produtos do país vinculadas ao combate ao fentanil.
Trump declarou no domingo que os EUA estão “muito próximos” de um acordo com a China, sem entrar em detalhes. Em editorial, o Diário do Povo destacou que Pequim mantém o compromisso de buscar uma solução por meio de diálogo equilibrado e de respeito mútuo.
O Financial Times também noticiou que os EUA suspenderam temporariamente restrições à exportação de tecnologia para a China, evitando prejudicar as negociações.
3. Semana decisiva para os mercados
Analistas do ING classificam esta semana como “crucial” para a economia norte-americana.
Além das negociações comerciais que antecedem 1º de agosto, o período será marcado pela divulgação de balanços de grandes companhias, entre elas Meta Platforms (NASDAQ:META), Microsoft (NASDAQ:MSFT), Apple (NASDAQ:AAPL) e Amazon (NASDAQ:AMZN).
O relatório de emprego de julho e a leitura do índice de inflação preferido pelo Federal Reserve também serão conhecidos nos próximos dias, antecedendo a decisão do banco central sobre juros, marcada para quarta-feira.
A expectativa é de manutenção das taxas, ainda que Trump tenha aumentado a pressão pública sobre o Federal Reserve e, em especial, sobre Jerome Powell, para cortes mais rápidos. Os dirigentes da autoridade monetária têm indicado uma postura mais cautelosa, alegando incerteza quanto aos efeitos da política tarifária na economia.
4. Ouro estável
Os preços do ouro operam próximos da estabilidade nesta segunda-feira, apoiados pela leve fraqueza do dólar e pela busca de proteção, mesmo com a melhora do apetite por risco após o anúncio do acordo entre EUA e União Europeia.
Investidores também mantêm postura defensiva antes da decisão de política monetária do Fed desta semana, atentos aos sinais que possam indicar o rumo da economia norte-americana no segundo semestre de 2025.
O ouro à vista subiu 0,1%, cotado a US$ 3.340,02 por onça-troy, enquanto o contrato futuro para entrega em dezembro também avançou 0,1%, para US$ 3.396,67 no momento da redação.
Em outras commodities, o entendimento entre EUA e UE levou o petróleo a registrar ganhos, ao passo que a melhora no sentimento global favoreceu o Bitcoin.
5. Projeções econômicas no Brasil
Enquanto o governo brasileiro declara que permanece disposto a negociar com os Estados Unidos sobre a tarifa de 50% anunciada por Trump para 1º de agosto, os investidores seguem atentos a dados e projeções sobre a economia e os próximos passos do banco central.
No calendário econômico de hoje, teremos a divulgação do boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo BC com agentes do mercado sobre os principais indicadores da nossa economia.
Na semana passada, o relatório mostrou uma nova revisão para baixo das projeções de inflação, com o IPCA esperado em 5,10% em 2025 e 4,45% em 2026, patamar que coloca a estimativa do próximo ano dentro do intervalo de tolerância da meta oficial.
Na semana passada, o IPCA-15, considerado uma “prévia” da inflação oficial, mostrou uma alta de 0,33% em julho, ante 0,26% em junho, levando a taxa acumulada em 12 meses a 5,30%, acima das expectativas de mercado e ainda superior ao teto da meta.
Para o PIB, o último boletim Focus precificava um crescimento de 2,23% em 2025, mas um recuo para 1,88% em 2026, enquanto as projeções para câmbio (R$ 5,65 em 2025 e R$ 5,70 em 2026) e Selic (15% em 2025 e 12,5% em 2026) foram mantidas.
Para a próxima quarta-feira, a maioria dos analistas aposta em uma manutenção da taxa de juros pelo banco central a 15% ao ano.