Investing.com - O Ibovespa não conseguiu arrancar para a sexta alta consecutiva de ganhos e acabou interrompendo a mais longa sequência de valorização desde fevereiro com a realização de lucros após ‘fatos’.
O índice cedeu 0,25% e fechou aos 74.553 pontos com volume de R$ 8,7 bilhões depois de acumular valorização de 5,85% nos pregões anteriores.
A sessão foi marcado pelo fim de ‘boatos’ que deram lugar aos ‘fatos’ e, com estes, veio a realização de lucros.
O destaque do dia foi a Embraer (SA:EMBR3) que afundou 14,3% com a oficialização da formação de uma joint venture com a Boeing, que avaliou a área de aviação comercial da brasileira em US$ 4,75 bilhões. O montante ficou abaixo as previsões do mercado.
Apesar do tombo de hoje chamar a atenção, o movimento não deve ser visto como uma reprovação do mercado, mas sim como um ajuste a novos valores. Desde o primeiro anúncio do interesse da americana, a Embraer subiu 63% até o pregão de ontem e ainda segue com ganhos de 40% mesmo após a queda de hoje.
Outra correção do dia foi vista na Eletrobras (SA:ELET3), cujas ações ordinárias recuaram 8,6%. Ontem, os papéis da estatal subiram 18% e deram espaço para a realização de lucros após a aprovação pela Câmara de texto-base para viabilizar a venda de seis distribuidoras deficitárias. A privatização da holding ficou para depois das eleições.
A Petrobras (SA:PETR4) também teve seu dia de ajustes ao recuar 3% depois de saltar 5% ontem e mais de 20% no acumulado dos últimos 9 pregões. No noticiário, a Câmara aprovou projeto de lei que viabiliza o leilão de áreas da cessão onerosa e o futuro acordo entre a petroleira e o governo, ainda pendente.
A Vale (SA:VALE3) ficou entre os destaques positivos ao subir 3,5% e contribuir para que o Ibovespa ficasse perto da estabilidade. Nas siderúrgicas, a Gerdau (SA:GGBR4) saltou 3,98% com recomendação de compra pelo Itaú BBA.
Wall Street ajuda, mas não salva
O retorno da bolsa de Nova York após o feriado de ontem ajudou o mercado local a se recuperar do ponto mais baixo do intraday, mas não foi suficiente para empurrar o Ibovespa para o positivo.
No radar dos investidores internacionais, os EUA publicaram os dados de emprego ADP e a ata da última reunião do Federal Reserve, que mostrou diretores confiantes na economia do país, mas preocupados com os impactos da Guerra Comercial.
O Dow 30 subiu 0,75%, enquanto o S&P ganhou 0,86% e o Nasdaq avançou 1,12%.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta sexta-feira:
1. IPCA e produção de veículos apresentam o impacto da greve
Os investidores locais aguardam com atenção a publicação do IPCA fechado de junho amanhã às 9h para seguir mensurando o impacto da greve do setor de carga na economia.
Os analistas preveem um salto forte do índice para 1,28% em junho, que, se confirmado, seria o mais alto valor mensal desde março de 2015, ocorrido em meio à disparada dos preços após a eleição da ex-presidente Dilma Rousseff em Banco Central comandado por Alexandre Tombini.
A expectativa é que o salto do mês passado seja apenas um fato isolado a ser corrigido nos próximos levantamentos, sinal do forte impacto nos preços de transporte e alimentos por causa do desabastecimento provocado pela paralisação do setor de cargas.
Para o valor em 12 meses, a expectativa é que o IPCA suba para 4,42%, dos 2,86% no mês anterior. Mesmo com o salto, o valor ainda ficaria abaixo do centro da meta de 4,5%.
A dificuldade em mensurar um evento tão desproporcional na economia brasileira abre espaços para surpresas. Na quarta-feira, a produção industrial veio com um tombo -10,9%, que foi bem recebido pelo mercado que previa -13,8%.
Os analistas tentarão separar nesse aumento do IPCA o impacto direto da greve, que deverá se reverter nos próximos meses, de um possível aumento estrutural dos preços provocado, entre outros, pelo impacto secundário da alta do dólar.
Se o mercado notar uma pressão subjacente nos preços, as projeções poderão ficar mais pessimistas em relação ao IPCA no final do ano e aumentar a pressão para que o BC comece a pensar em subir juros.
No início da tarde, a Anfavea publica os números de produção e venda de veículos em junho. O setor automobilístico foi um dos mais afetados pela greve e deverá mostrar recuperação de 20,2% na produção e de 7,1% nas vendas.
Apesar do pregão oficial se alongar até as 17h, o volume deverá despencar após o almoço com o jogo do Brasil contra a Bélgica marcado para as 15h pelas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia.
2. Payroll deve mostrar economia aquecida nos EUA
O Departamento de Trabalho dos EUA divulgará nesta sexta-feira às 9h30 o seu relatório de empregos, um dos documentos mais importantes e aguardados pelo mercado financeiro global.
O dado mais importante do extenso relatório é a criação de novas vagas no mercado de trabalho urbano. A projeção do mercado é que o Payroll não-agrícola mostre a geração de 200.000 novos postos nos EUA no mês passado, ligeira redução em comparação com os 223.000 em maio.
Os economistas preveem que o índice de desemprego tenha permanecido estável em 3,8% no mês passado, número visto pela última vez em abril de 2000. Uma taxa inferior a essa foi medida em dezembro de 1969, quando tocou os 3,5%.
Ainda parte do documento, o salário médio por hora deverá ter aumentado 0,3% em junho, o mesmo que no mês anterior. Esse é um indicador acompanhado pelo impacto na inflação futura do país.
Hoje, a ADP mostrou a criação de 177 mil empregos privados, o que é tido como uma prévia do Payroll. O valor ficou abaixo da projeção de mercado de 190 mil. O número de maio foi revisado para 189 mil, dos 178 mil relatados anteriormente.
Com a forte criação de vagas nos EUA, os investidores procuram sinais das empresas de que o pleno emprego estaria afetando sua capacidade de preencher cargos com pessoal qualificado. Esse seria um sinal de esgotamento do ciclo e a disputa por pessoal poderia fazer subirem os salários, provocando inflação.
3. Tarifas EUA-China entrando em vigor
O mercado aguarda com atenção se as anunciadas tarifas impostas por EUA e, em retaliação pela China, serão efetivamente colocas em vigor ou se um anúncio de última hora pode mudar esse cenário.
Os EUA impuseram uma taxa de 25% sobre US$ 34 bilhões de importações chinesas que passam a valer a partir de 0h01 de Washington, ou 1h01 de Brasília. Donald Trump ameaçou elevar a abrangência das tarifas para US$ 450 bilhões de importações do país asiático se houver retaliação.
A China disse que não iria disparar o primeiro tiro, mas vai agir em resposta às tarifas dos EUA. “A China não se curvará diante das ameaças e chantagens e não hesitará em sua determinação de defender o livre comércio e o sistema multilateral”, disse o ministro do Comércio do país, Gao Feng.
As bolsas foram impulsionadas nesta quinta-feira por relatos de que os EUA estariam dispostos a zerar tarifas sobre veículos da União Europeia, se fosse uma ação recíproca. O movimento sinaliza a intenção de uma saída negociada e ameniza a guerra comercial.
O índice automotivo global Nasdaq OMX terminou o dia com alta de 1,2%.
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