Ameaça tarifária dificulta decisão do BCE, mas não vai evitar pausa nos juros, dizem fontes

Publicado 14.07.2025, 13:52
Atualizado 14.07.2025, 13:55
© Reuters. Sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt, na Alemanhan16/03/2023nREUTERS/Heiko Becker

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi

FRANKFURT (Reuters) - A ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 30% às importações da União Europeia complica a tomada de decisões do Banco Central Europeu (BCE), mas é improvável que atrapalhe os planos de uma pausa nos cortes de juros na próxima semana, disseram cinco autoridades da instituição à Reuters.

O BCE sinalizou após sua reunião de junho que provavelmente manteria as taxas de juros inalteradas em 23 e 24 de julho.

Mas a tarifa de 30% proposta por Trump é maior do que o BCE havia previsto, mesmo no mais negativo dos três cenários para a economia da zona do euro divulgados no mês passado.

Isso significa que o BCE foi forçado a apresentar novas estimativas, e os formuladores de políticas foram levados a contemplar um resultado mais negativo do que pensavam ser possível em junho, disseram as cinco fontes, todas membros do Conselho do BCE.

Elas disseram, no entanto, que os membros do BCE continuam relutantes em agir com base no que ainda representa uma ameaça, especialmente considerando as declarações, por vezes contraditórias, feitas pelo governo Trump desde seu primeiro anúncio de tarifas globais, em abril. Qualquer discussão sobre cortes de juros provavelmente será adiada para a reunião do BCE em setembro, disseram as fontes.

Trump disse no domingo que suas tarifas entrariam em vigor em 1º de agosto, e a Comissão Europeia também suspendeu suas contramedidas até essa data.

Economistas de mercado têm dito, em grande parte, que acham improvável que Trump cumpra sua ameaça tarifária devido aos danos que isso causaria à economia dos EUA em termos de maior inflação e menor crescimento.

Mas se a taxa de 30% for imposta, eles esperam que o BCE corte as taxas de juros em resposta.

Analistas do Barclays (LON:BARC) previram uma redução da taxa de depósito do BCE de 2% para apenas 1% até março do ano que vem, caso os EUA impusessem uma tarifa média de 35% sobre produtos da UE, o que, segundo eles, subtrairia 0,7 ponto percentual do crescimento da zona do euro.

As últimas projeções macroeconômicas do BCE, divulgadas em junho, apontaram para uma recuperação gradual da economia da zona do euro nos próximos anos, com a inflação oscilando em torno da meta de 2%.

Essas projeções pressupõem como base uma tarifa de 10% sobre as exportações de produtos da UE para os EUA, o que colocaria o crescimento econômico da zona do euro em 0,9% neste ano, 1,1% no ano que vem e 1,3% em 2027.

Mas previsões sob um cenário alternativo divulgado ao mesmo tempo mostraram que uma tarifa norte-americana de 20% limitaria o crescimento em 1 ponto percentual no mesmo período e reduziria a inflação para 1,8% em 2027, de 2,0% no cenário base.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS FDC

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