Investing.com – Mark Carney, dirigente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), fez projeções de que a inflação anual do Reino Unido chegará a seu pico já em outubro em discurso perante o Comitê de Avaliação do Tesouro do país nesta terça-feira.
Inflação passará de 3%
Após dados divulgados nesta terça-feira mostrarem que a inflação anual do Reino Unido subiu para 3,0% em setembro, seu nível mais alto desde março de 2012, Carney admitiu que "seria mais provável do que não" que ele teria que escrever uma carta ao chanceler Philip Hammond para explicar porque a inflação está mais de 1% acima da meta de 2%.
"A inflação vai atingir seu pico em (ou) por volta de outubro/novembro", declarou Carney.
Ele explicou que o "único motivo" pelo qual a inflação subiu foi por conta da depreciação da libra e observou que o Comitê de Política Monetária continuava a esperar que a inflação subisse um pouco mais com base nesse efeito.
Carney defendeu os níveis de inflação acima da meta, chamando de "equilíbrio" para sustentar a economia e o nível de emprego.
Aumento dos juros não será feito apenas como medida de segurança
Ele também descartou a ideia de elevar as taxas de juros com o único intuito de se preparar para uma futura crise econômica.
"Construir um fundo de guerra em termos de taxa de juros para um possível choque futuro não é algo feito em termos de meta de inflação e nem é apropriado ou necessário uma vez que a política monetária pode se mover com bastante agilidade se for necessário", explicou o dirigente do BoE.
Mercados esperam amplamente que o BoE eleve os juros em sua próxima decisão de política monetária em 2 de novembro.
Contudo, o novo vice-presidente do BoE, Dave Ramsden, afirmou no início da terça-feira que ele não era parte da maioria dos decisores que sugeriram, no mês passado, que um aumento dos juros provavelmente seria necessário "nos próximos meses" porque ele via poucos sinais de pressões inflacionárias crescendo no mercado de trabalho britânico.
Acordo do Brexit incluirá período de transição
Ao responder a questões a respeito das negociações do Brexit, Carney afirmou esperar que o Reino Unido e a União Europeia cheguem a um acordo que inclua um período de transição pois isso "é do interesse de todos".
Ele admitiu que o BoE tem se preparado para a hipótese de que haja uma "saída dura" sem um período de transição uma vez que a autoridade monetária foi solicitada a fazer isso.
Carney declarou que a avaliação do BoE dos possíveis piores cenários analisa ferramentas para mitigar esses riscos e acrescentou que os bancos britânicos estão capitalizados o suficiente para lidar com um resultado negativo.
Ele também observou que um "acordo completo e abrangente" entre o Reino Unido e a União Europeia poderia ter como resultado a elevação das projeções de crescimento do BoE.
Carney ainda observou que empresas britânicas estão "menos confiantes quanto a uma transição tranquila", mas que, pelo contrário, "as expectativas das famílias estão amplamente consistentes com um resultado tranquilo levando a um acordo futuro".
Conforme o discurso progredia, a libra se dirigia à mínima da sessão. Às 09h44, o par GBP/USD era negociado a 1,3200 a partir de 1,3247 antes dos comentários, o par EUR/GBP estava cotado em 0,8907 a partir de 0,8873 mais cedo e o par GBP/JPY estava em 148,10, comparado a 148,61 previamente.
Enquanto isso, as bolsas europeias negociavam majoritariamente em alta. O FTSE 100 avançava 0,23%, a referência Euro Stoxx 50 subia 0,14%, o CAC 40 tinha alta de 0,01% e o DAX da Alemanha avançava 0,07%.