Berlim, 8 jul (EFE).- A resistência a conceder novas ajudas à Grécia cresce dentro do partido de Angela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU) e, principalmente, dentro de sua ala bávara, a União Social-Cristã (CSU (SA:CARD3)), com a qual forma um grupo parlamentar comum no Bundestag (parlamento alemão).
"A Grécia está nos arrancando os cabelos há muito tempo e nada melhora. É preciso tomar uma decisão rápida. O melhor é que a Grécia deixe o euro e introduza sua própria moeda", disse ao canal de notícias "N-TV" o deputado Wolfgang Bosbach, um dos principais críticos da ajuda à Grécia dentro da CDU.
A maior parte das vozes críticas, no entanto, vêm da CSU e começam pela do ministro das Finanças da Baviera, Markus Soder, que se declarou abertamente partidário do chamado "grexit".
Entre os deputados da CSU no Bundestag, dois ex-ministros de Merkel se pronunciaram hoje contra as novas ajudas à Grécia.
"Não conheço ninguém em meu grupo parlamentar que acredite que haja uma base para um terceiro pacote de ajuda", disse o ex-ministro do Interior, Hans-Peter Friedrich, em declarações ao jornal "Rheinische Post".
"Os gregos têm o direito de dizer não, mas agora nós também temos o direito de dizer não", acrescentou.
Já o ex-ministro dos Transportes, Peter Ramsauer, assinalou que não considera atualmente que a Grécia tenha espaço na zona do euro.
"Do ponto de vista econômico só há uma saída: a Grécia deve recuperar sua competitividade com uma moeda própria", declarou Ramsauer à emissora de televisão "ZDF".
Segundo sua opinião, em um prazo de quatro ou cinco anos, a Grécia poderia retornar à zona do euro.
Além disso, Ramsauer se manifestou partidário de terminar as negociações e não alongar prazos, já que isso afeta a credibilidade dos europeus.
O porta-voz do grupo parlamentar conjunto da Comissão de Finanças do Bundestag, Hans Michelbach, também se pronunciou contra um programa de ajuda à Grécia através do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
"As ajudas do MEE só são possíveis quando a estabilidade da união monetária está em perigo e este não é o caso, segundo os especialistas", sustentou Michelbach em comunicado.
"A Europa tem que ser honesta, o governo de Alexis Tsipras não usou o tempo adicional que lhe foi dado. Agora o prazo para Atenas venceu", acrescentou.
O deputado ressaltou ainda que, por questões de procedimento, seria impossível chegar a um acordo sobre um terceiro pacote de ajuda antes de 20 de julho, quando Atenas deverá pagar 3,5 bilhões de euros ao Banco Central Europeu (BCE).
"Só com a aprovação do Bundestag o governo poderia começar a negociar. Quem conhece o trabalho que isso implica sabe que não poderia haver um acordo antes de 20 de julho", advertiu.
Já Carsten Linnemann, deputado representante da ala empresarial da CDU, foi além e afirmou que, sem uma reforma radical da zona do euro que regule as quebras estatais, não há condições de aprovar novas ajudas.