Investing.com – Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), sugeriu nesta quarta-feira que não haveria mudanças na política monetária da zona do euro na próxima reunião, em 8 de junho.
"Nossa avaliação atual dos efeitos colaterais sugere, portanto, não haver motivo para divergir das indicações que temos consistentemente fornecido nas declarações iniciais de nossas entrevistas coletivas", afirmou Draghi na Primeira Conferência sobre Estabilidade Financeira organizada pelo Banco da Espanha e o Centro de Estudos Monetários e Financeiros da qual participou a Investing.com em Madri, nesta quarta-feira.
O BCE deixou as taxas de juros inalteradas em sua última reunião em abril e manteve sua promessa de continuar a compra de 60 bilhões de euros (US$ 67,2 bilhões) em ativos "até o fim de dezembro de 2017, ou além, caso necessário".
Ao mesmo tempo, o BCE considerou que a economia da zona do euro estaria se tornando "cada vez mais sólida" e que os riscos negativos "diminuíram mais" enquanto as pressões da inflação de base continuam a "permanecer moderadas'.
A respeito à atual política monetária acomodatícia na zona do euro, Draghi observou que poderia haver "possíveis efeitos colaterais negativos", mas considerou que eles devem "permanecer controlados".
Draghi ainda insistiu que o enquadramento macroprudencial do BCE aliado à instituições financeiras mais fortes e supervisão bancária "possibilitou um período maior de baixas taxas de juros inalteradas para consolidar os riscos relativos à estabilidade financeira".
"Entretanto, permanecemos vigilantes", acrescentou.
Draghi forneceu uma avaliação positiva dos desenvolvimentos da estabilidade financeira a respeito dos bancos na zona do euro.
"Não vemos evidência do desenvolvimento generalizado de bolhas abastecidas com crédito", ele comentou, acrescentando haver poucos sinais de bancos assumindo riscos excessivos em suas políticas de empréstimos.
Embora o discurso de Draghi não tenha discutido em detalhes outros riscos à zona do euro, a última Revisão de Estabilidade Financeira (FSR), na sigla em inglês do BCE, também divulgada na quarta-feira, apontou para riscos significativos de reapreciação em mercados de renda fixa.
"Na região do euro, isso poderia se materializar por meio de repercussão de maiores rendimentos em outras economias avançadas, em particular nos Estados Unidos", o relatório indicou.
A FSR ainda observou vulnerabilidades estruturais persistentes nos bancos da zona do euro e incerteza política continua, embora o Brexit, como a saída do Reino Unido da União Europeia é conhecida, não "deve trazer riscos significativos à estabilidade financeira da região do euro".
O par euro/dólar não demonstrou reação ao discurso de Draghi, que estava alinhado às expectativas do mercado e os investidores também permaneciam cautelosos antes da publicação das atas da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve nesta quarta-feira às 15h (horário de Brasília).
Os dados de inflação da zona do euro serão divulgados dia 31 de maio, mas parece improvável mover Draghi de sua posição a partir de seus comentários feitos nesta quarta-feira.
O consenso espera que a inflação geral suba 1,96%, próxima da meta do BCE de "próximo a, porém abaixo de 2%".
Entretanto, o núcleo da inflação deve permanecer bem abaixo em apenas 1,4%.