BRASÍLIA (Reuters) - Um eventual ciclo de ajuste nos juros básicos, se ocorrer, será gradual, disse nesta sexta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltando que a autarquia optou por não dar uma orientação futura para a política monetária.
Em evento promovido pela XP Investimentos (BVMF:XPBR31), Campos Neto ainda avaliou que o prêmio de risco marcado pelos agentes de mercado na parte curta da curva de juros futuros não é compatível com as comunicações recentes do BC, que são fruto da convergência de opiniões da diretoria colegiada.
Em sua apresentação ele enfatizou que ajustes futuros nos juros serão ditados pelo firme compromisso com a meta de inflação e que o BC fará o que for preciso para alcançá-la.
"Nós entendemos que se e quando houver um ciclo de ajuste nos juros, esse ciclo será gradual", disse.
"A gente entende que o tempo é importante, então a gente optou por passar uma mensagem que, se e quando houver esse ciclo, ele será gradual."
Ele ressaltou que se houver um ciclo de queda nos juros ou não, isso dependerá de um "guidance" (orientação futura), que no momento está em aberto.
Em sua reunião de julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 10,50% ao ano e incluiu em seu cenário a possibilidade de alta dos juros básicos se necessário para atingir a meta de inflação de 3%, embora não tenha dado um "guidance" para o que será feito na reunião de setembro.
Na apresentação, Campos Neto afirmou que o fato de não haver "guidance" também tem um significado porque mostra que o BC está mais dependente de dados para tomar suas decisões.
Para Campos Neto, que argumentou que o BC precisa de flexibilidade neste momento, o custo de dar uma orientação futura para a política monetária seria uma possível perda de credibilidade.
Em relação aos dados de inflação, ele disse que apesar de número recente "um pouco melhor", o tema ainda exige atenção, também citando uma leve alta de itens menos voláteis e a desancoragem das expectativas de mercado.
(Por Bernardo Caram)