FMI eleva previsão de crescimento para 2025 e alerta que riscos de tarifas ainda prejudicam perspectivas

Publicado 29.07.2025, 10:09
Atualizado 29.07.2025, 13:51
© Reuters. Sede do FMI em Washingtonn09/10/2016. REUTERS/Yuri Gripas/File Photo

Por Andrea Shalal

(Reuters) - O FMI elevou ligeiramente nesta terça-feira sua previsão de crescimento global para 2025 e 2026 devido às compras mais fortes do que o esperado antes do aumento das tarifas dos Estados Unidos em 1º de agosto e da queda da taxa tarifária efetiva dos EUA de 24,4% para 17,3%.

No entanto, o Fundo advertiu que a economia global enfrenta riscos importantes e contínuos, incluindo um possível rebote das tarifas, tensões geopolíticas e déficits fiscais maiores que podem elevar as taxas de juros e restringir as condições financeiras globais.

"A economia mundial ainda está sofrendo, e continuará sofrendo com as tarifas nesse nível, embora não seja tão ruim quanto poderia ter sido", disse Pierre-Olivier Gourinchas, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional.

O FMI elevou sua previsão global para 2025 em 0,2 ponto percentual, para 3,0%, e para 2026 houve alta de 0,1 ponto, para 3,1%. A estimativa fica abaixo do crescimento de 3,3% que havia projetado para ambos os anos em janeiro e da média histórica pré-pandemia de 3,7%.

O Fundo disse que a inflação global deverá cair para 4,2% em 2025 e 3,6% em 2026, mas observou que o aumento dos preços provavelmente permanecerá acima da meta nos Estados Unidos, uma vez que as tarifas serão repassadas aos consumidores norte-americanos no segundo semestre do ano.

A taxa tarifária efetiva dos EUA - medida pela receita dos impostos de importação como proporção das importações de mercadorias - caiu desde abril, mas continua muito acima do nível estimado de 2,5% no início de janeiro. A taxa tarifária correspondente para o resto do mundo é de 3,5%, em comparação com 4,1% em abril, informou o FMI.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alterou o comércio global ao impor uma tarifa universal de 10% a quase todos os países a partir de abril e ameaçar com tarifas ainda mais altas a serem aplicadas na sexta-feira. As tarifas retaliatórias muito mais altas impostas pelos EUA e pela China foram suspensas até 12 de agosto, e as negociações em Estocolmo nesta semana podem levar a uma nova prorrogação.

Os Estados Unidos também anunciaram tarifas elevadas que variam de 25% a 50% sobre automóveis, aço e outros metais, com taxas mais altas ainda pendentes sobre produtos farmacêuticos, madeira e chips semicondutores.

Esses futuros aumentos tarifários não estão refletidos nos números do FMI e podem elevar ainda mais as taxas efetivas, criar gargalos e amplificar o efeito das tarifas mais altas, afirmou o FMI.

MUDANÇAS

Gourinchas disse que o FMI está avaliando cuidadosamente os novos acordos comerciais alcançados com a União Europeia e o Japão na última semana, que chegaram tarde demais para serem considerados na previsão de julho do Fundo.

"Teremos que ver se esses acordos estão sendo cumpridos, se serão desfeitos ou se serão seguidos por outras mudanças na política comercial", disse ele.

As simulações da equipe mostraram que o crescimento global em 2025 seria cerca de 0,2 ponto percentual menor se as tarifas máximas anunciadas em abril e julho forem implementadas, informou o FMI.

O FMI disse que a economia global está se mostrando resiliente por enquanto, mas a incerteza continua elevada. Ele disse que a composição da atividade aponta para "distorções do comércio, em vez de robustez subjacente".

Gourinchas disse que a perspectiva para este ano foi ajudada pelo que ele chamou de "uma quantidade tremenda" de antecipação às tarifas pelas empresas, mas que o impulso de acúmulo de estoques não durará.

"Isso vai desaparecer", disse ele, acrescentando: "Isso será um entrave para a atividade econômica na segunda metade do ano e em 2026. Haverá um retorno por essa antecipação, e esse é um dos riscos que enfrentamos."

A expectativa é de que as tarifas permaneçam altas, e já há sinais de que os preços ao consumidor dos EUA estão começando a subir, disse ele.

"A tarifa subjacente é muito mais alta do que era em janeiro, fevereiro. Se isso permanecer, e há indicações de que permanecerá em um nível próximo ao que estamos projetando, isso pesará sobre o crescimento daqui para frente, contribuindo para um desempenho global realmente sem brilho."

Um fator incomum tem sido a desvalorização do dólar, não observada durante as tensões comerciais anteriores, disse Gourinchas, observando que o dólar mais baixo estava aumentando o choque tarifário para outros países, ao mesmo tempo em que ajudava a aliviar as condições financeiras.

O crescimento dos EUA foi estimado em 1,9% em 2025, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação à perspectiva de abril, chegando a 2% em 2026. Uma nova lei de corte de impostos e gastos dos EUA deverá aumentar o déficit fiscal do país em 1,5 ponto percentual, com as receitas tarifárias compensando isso em cerca de metade, disse o FMI.

O Fundo ainda elevou sua previsão para a zona do euro em 2025 em 0,2 ponto percentual, para 1,0%, e deixou a previsão para 2026 inalterada em 1,2%. O FMI disse que a revisão para cima refletiu um aumento historicamente grande nas exportações farmacêuticas irlandesas para os Estados Unidos -- sem isso, a revisão teria sido a metade do valor.

As perspectivas da China receberam um aumento maior, de 0,8 ponto percentual, refletindo uma atividade mais forte do que o esperado no primeiro semestre do ano e a redução significativa das tarifas entre os EUA e a China depois que os países declararam uma trégua temporária.

O FMI aumentou sua previsão para o crescimento chinês em 2026 em 0,2 ponto percentual, para 4,2%.

De modo geral, o FMI prevê que o crescimento atinja 4,1% nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento em 2025 e 4,0% em 2026, informou.

O FMI revisou para cima sua previsão para o comércio mundial em 0,9 ponto percentual, para 2,6%, mas cortou sua previsão para 2026 em 0,6 ponto percentual, para 1,9%.

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