Japão diz que EUA não estão pressionando BC para aumentar juros, mas mercados não têm tanta certeza

Publicado 15.08.2025, 08:33
Atualizado 15.08.2025, 08:35
© Reuters. Ministro das Finanças do Japão, Katsunobu Katon17/04/2025.  REUTERS/Issei Kato/File Photo

Por Leika Kihara e Makiko Yamazaki

TÓQUIO (Reuters) - O governo do Japão ignorou nesta sexta-feira comentários raros e explícitos do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmando que o Banco do Japão está "atrasado" em sua política monetária, o que parece ter como objetivo pressionar o banco central do país a aumentar a taxa de juros.

No entanto, alguns analistas consideraram que os comentários de Bessent, juntamente com dados de crescimento doméstico inesperadamente sólidos, elevaram a chance de um aumento da taxa de curto prazo pelo Banco do Japão.

"É um sinal dos EUA de que eles estão observando atentamente a política do Banco do Japão", disse Yuji Saito, consultor executivo da SBI FX Trade, sobre os comentários de Bessent, acrescentando que os mercados estão precificando a chance de um aumento de juros pelo banco central japonês nos próximos meses.

"Com os comentários de Bessent e o PIB de hoje, o Banco do Japão pode se ver encurralado" para aumentar os juros, acrescentou.

Em seus comentários mais explícitos sobre a política monetária do Japão, Bessent disse à Bloomberg na quarta-feira que o Banco do Japão provavelmente aumentará os juros, já que tem um "problema de inflação" e pode estar "atrasado" ao lidar com os riscos de alta dos preços.

Os comentários foram feitos no momento em que a alta dos custos dos alimentos e das matérias-primas mantém o núcleo da inflação japonesa acima da meta de 2% do banco central por mais de três anos, fazendo com que algumas autoridades do banco central se preocupem com os efeitos de segunda ordem sobre os preços.

O ministro da revitalização econômica do Japão, Ryosei Akazawa, que também supervisiona as negociações comerciais com os EUA, afastou a ideia de que Bessent estava pressionando o Banco do Japão.

"Ele absolutamente não estava pedindo ao Banco do Japão que aumente os juros", e estava apenas prevendo que poderia fazê-lo, disse Akazawa em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira.

O ministro das Finanças, Katsunobu Kato, não quis comentar quando questionado sobre os comentários de Bessent em uma coletiva de imprensa nesta sexta.

Alguns analistas, no entanto, viram os comentários de Bessent como uma escalada da pressão de Washington sobre o Japão para ajudar a lidar com o enorme déficit comercial dos EUA, enfraquecendo o dólar, como, por exemplo, aumentando o iene por meio de uma política monetária mais apertada.

"Os comentários de Bessent podem refletir a expectativa do governo Trump de usar os aumentos dos juros do Banco do Japão para reverter a tendência de enfraquecimento do iene", disse Takahide Kiuchi, ex-membro da diretoria do banco central japonês, que atualmente é economista do Instituto de Pesquisa do Nomura.

(Reportagem adicional de Takaya Yamaguchi e Yoshifumi Takemoto)

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