Lula diz que espera encontrar com Trump e que enviou carta convidando para COP30
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam em baixa nesta terça-feira, com quedas acentuadas em contratos de prazo mais curto, conforme os investidores reagiram à consolidação das apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve após dados de inflação moderados nos Estados Unidos.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 13,97%, em baixa de 11 pontos-base ante o ajuste de 14,079% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,21%, com queda de 10 pontos ante o ajuste de 13,314%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,36%, ante 13,402% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,5%, ante 13,521%.
O destaque da sessão foi o relatório de inflação ao consumidor dos EUA, que mostrou que os preços tiveram uma alta de 0,2% em julho em relação ao mês anterior, em linha com o projetado por analistas em pesquisa da Reuters e abaixo do ganho de 0,3% em junho. Em 12 meses, o índice se manteve em 2,7%.
Agentes financeiros avaliaram que os números da inflação mostraram impacto ainda limitado das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre os preços. Os dados, somados a números fracos para o emprego em julho divulgados anteriormente, consolidaram as apostas de que o banco central dos EUA terá espaço para cortar os juros já no seu próximo encontro, em setembro, segundo dados da LSEG, com mais uma redução precificada para dezembro.
"O relatório era altamente aguardado pelos investidores e veio em linha com as expectativas, mostrando que o fato de não ter surpresas negativas em relação à inflação mantém as apostas de cortes de juros pelos investidores", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha queda de 2 pontos-base, a 3,731%.
No Brasil, a avaliação era de que, com os potenciais cortes de juros pelo Fed, o Banco Central também deve ter mais espaço para reduzir a taxa Selic à frente, o que provocava as quedas nas taxas de juros futuras de prazo mais curto.
Outro fator favorável ao movimento do dia foi a publicação pelo IBGE de dados do IPCA de julho, que vieram abaixo do esperado tanto na base mensal, a 0,26%, quanto na base anual, a 5,23%.
A inflação continua distante da meta perseguida pelo Banco Central -- de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual --, mas segue exibindo sinais de moderação, o que, junto da ancoragem das expectativas e da desaceleração da economia, pode permitir um afrouxamento dos juros no futuro.
O foco em torno dos indicadores econômicos do dia ofuscou parcialmente o contínuo impasse comercial entre Brasil e EUA, depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou na segunda-feira que uma ligação previamente agendada com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, para discutirem a tarifa de 50% imposto aos produtos brasileiros foi desmarcada, atribuindo culpa à atuação deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
A expectativa é de que o governo anuncie ainda nesta semana um plano de contingência para empresas afetadas pela taxação norte-americana.