Juros futuros se firmam em baixa na reta final em dia de queda do dólar e dos rendimentos dos Treasuries

Publicado 21.07.2025, 16:51
Atualizado 21.07.2025, 16:55
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs se firmaram no território negativo na reta final da sessão e fecharam a segunda-feira em baixa, em um dia marcado pela queda do dólar ante o real e pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries, ainda que o mercado siga cauteloso sobre os desdobramentos da guerra comercial dos Estados Unidos contra o Brasil.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2027 estava em 14,32%, ante o ajuste de 14,379% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,66%, em baixa de 7 pontos-base ante o ajuste de 13,734%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,8%, ante 13,822% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,89%, ante 13,897%.

Durante a manhã, as taxas curtas se mantiveram próximas da estabilidade, enquanto as longas avançavam refletindo novamente o desconforto do mercado com as medidas dos EUA contra o Brasil. O movimento ocorria a despeito de, no exterior, os rendimentos dos Treasuries estarem em queda desde cedo.

Em entrevista à CBN pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que insistirá na negociação comercial com Washington, mas não descartou a possibilidade de os produtos brasileiros começarem a ser taxados em 50% em 1º de agosto, como anunciado pelos EUA, sem que o Brasil tenha recebido uma resposta das autoridades norte-americanas.

Haddad afirmou ainda que o governo avalia implementar instrumentos de apoio a setores da economia impactados pela tarifa dos Estados Unidos, acrescentando que não necessariamente haverá impacto fiscal com as medidas.

"Pode ser que nós tenhamos que recorrer a instrumentos de apoio a setores que injustamente estão sendo afetados", disse.

A dificuldade do Brasil em negociar passa pelo fato de o presidente dos EUA, Donald Trump, estar exigindo como contrapartida o fim do julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado -- uma questão do Judiciário, e não comercial.

Na sexta-feira, na mais recente medida contra o Brasil, os EUA restringiram vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares imediatos, citando novamente objeções aos processos legais contra Bolsonaro.

Além das medidas já tomadas, investidores estarão atentos nesta semana a possíveis novas ações dos EUA contra o Brasil, que podem impactar o câmbio e, consequentemente, a inflação e os juros.

“Claro que a grande pergunta que fica no ar é o que vai acontecer com essas possíveis tarifas de 50% do Trump contra o Brasil. O principal canal para economia brasileira é a taxa de câmbio”, pontuou pela manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala.

“Se isso causar uma forte desvalorização cambial, a gente vai enxergar um efeito macro importante, podendo mudar trajetória de inflação, trajetória de Selic... Por ora, não parece ser este cenário. O câmbio ainda está relativamente comportado”, acrescentou.

Com o dólar em baixa ante o real e o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, as taxas dos DIs de curto prazo se firmaram em queda na reta final da sessão, enquanto as longas passaram a registrar leves baixas.

Após atingir máxima de 13,775% (+4 pontos-base ante o ajuste anterior) às 9h02, logo após a abertura, a taxa do DI para janeiro de 2028 marcou a mínima de 13,635% (-10 pontos-base) às 16h04, já na reta final da sessão regular.

Perto do fechamento a curva brasileira seguia apontando para manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano no fim deste mês: a precificação neste sentido era de 99%.

Na sexta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 92,05% de chances de manutenção da Selic, contra 5,00% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base este mês.

No boletim Focus divulgado de manhã pelo Banco Central, a mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação em 2025 passou de 5,17% para 5,10% e em 2026 de 4,50% para 4,45%. Embora os percentuais sigam bem acima do centro da meta de inflação perseguida pelo BC, de 3%, eles reforçam a leitura de parte do mercado de que a alta de preços está arrefecendo. No caso de 2026, a projeção de 4,45% já está abaixo do teto da meta, de 4,5%.

No exterior, às 16h30 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 6 pontos-base, a 4,372%.

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