Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - Mauricio Macri assumiu a Presidência da Argentina nesta quinta-feira com um pedido de diálogo e unidade a todas as forças políticas para cumprir suas promessas de reativar uma economia estagnada e combater a corrupção.
Após 12 anos de gestão do peronismo de centro-esquerda, o representante da centro-direita, que venceu a eleição de novembro por uma margem pequena, deverá realizar ajustes na terceira maior economia da América Latina, mas cuidando para não prejudicar os avanços sociais alcançados na última década.
Sua tarefa, além disso, será enfrentar outros obstáculos: um Congresso dividido e uma oposição que, com a veemente Cristina Kirchner entre seus líderes, já fez Macri sentir toda sua ferocidade com a troca de governo com uma polêmica pública sobre o protocolo para a troca de comando.
"Queremos a participação de todos, das pessoas que se sentem de direita e de esquerda, dos peronistas e antiperonistas. É um desafio empolgante depois de anos de prepotência inútil", declarou Macri em seu discurso de posse no Congresso, onde não estiveram nem Cristina nem os deputados da coalizão da ex-mandatária, a Frente para a Vitória.
Macri, que tem o apoio dos mercados, não deu detalhes sobre seu plano para reativar a economia, abalada pela escassez de investimentos, uma inflação elevada e um grave déficit fiscal, embora tenha reconhecido que os desafios "são enormes" e que não podem ser solucionados "de um dia para outro".
Uma multidão com bandeiras e globos de cor azul e branco saudou Macri na saída da legislatura e ao largo da histórica Avenida de Mayo, por onde chegou à Casa Rosada para receber os símbolos de governo das mãos do presidente do Senado, Federico Pinedo, membro de sua aliança Mudemos.
"Hoje é um dia histórico. Hoje nós, argentinos, voltamos a nos olhar no rosto de novo. O governo anterior teve êxito em dividir o povo, inclusive temos familiares divididos pela política, que nem se falam", contou à Reuters Martín Payares, um soldado de 41 anos que foi à comemoração junto com sua família.
A polêmica Cristina, que após a desavença sobre o protocolo decidiu não assistir à posse, mantém uma grande popularidade graças ao baixo desemprego no país e aos subsídios que outorgou para combater a pobreza.
Ela se despediu de seus seguidores na quarta-feira com um grande ato diante da Casa Rosada que mostrou que está disposta a liderar a oposição a Macri.
(Reportagem adicional de Maximiliano Rizzi, Jorge Otaola e Sarah Marsh)