Embraer dispara +20% em dois dias; não foi surpresa para esses modelos financeiros
Investing.com – Os índices futuros das ações nos EUA operam em leve alta nesta quarta-feira, refletindo a expectativa por uma série de eventos capazes de alterar o rumo do mercado.
A agenda inclui a decisão de política monetária do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, novos dados econômicos e resultados trimestrais de grandes companhias. A projeção predominante é de manutenção das taxas de juros tanto nos EUA quanto no Brasil.
Entre os balanços mais aguardados hoje estão os das gigantes Meta Platforms (NASDAQ:META) e Microsoft (NASDAQ:MSFT), com a atenção dos investidores voltada especialmente para as iniciativas em inteligência artificial.
1. Futuros em alta em NY
Os futuros dos principais índices dos EUA mostravam viés positivo antes da abertura das bolsas em Nova York. Às 7 h de Brasília, o contrato futuro do Dow Jones estava praticamente estável, enquanto o S&P 500 avançava 6 pontos, ou 0,1%, e o Nasdaq 100 ganhava 47 pontos, ou 0,2%.
Na sessão anterior, o mercado à vista perdeu fôlego, com o S&P 500 e o Nasdaq Composite recuando de seus máximos históricos. Entre os componentes do Dow Jones, Merck (NSE:PROR), UnitedHealth (NYSE:UNH) e Boeing (NYSE:BA) caíram após divulgação de balanços. United Parcel Service (NYSE:UPS) recuou mais de 10% ao evitar projeções anuais de receita e margens, o que acentuou as preocupações sobre os efeitos das políticas comerciais erráticas do governo americano.
Procter & Gamble (NYSE:PG) também apresentou perdas, após uma estimativa anual abaixo das expectativas e sinalização de aumentos de preços para compensar tarifas. As medidas tarifárias levaram ainda a Whirlpool (NYSE:WHR) a revisar para baixo as projeções do ano, derrubando suas ações mais de 13%.
2. Decisão de juros nos EUA e no Brasil
O mercado acompanha de perto a reunião do Federal Reserve, que deve encerrar nesta quarta-feira mantendo a taxa de juros inalterada.
Nas últimas semanas, dirigentes da instituição ressaltaram a necessidade de maior prudência antes de novos ajustes, preferindo avaliar o impacto das medidas tarifárias de Trump sobre a atividade econômica.
Há receios de que essas políticas aumentem a inflação e desacelerem o crescimento. Até o momento, a alta dos preços segue moderada e a economia tem mostrado resiliência, mas cresce a percepção de que as empresas tendem a repassar custos adicionais ao consumidor nos próximos meses.
Nesse cenário, a autoridade monetária tem preservado o intervalo de 4,25% a 4,5% para os juros, posição defendida publicamente pelo presidente Jerome Powell, alvo de críticas de Trump, que reivindica reduções mais rápidas para favorecer a expansão econômica.
Por aqui, a expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do banco central mantenha a taxa básica de juro (Selic) em 15%, reforçando uma postura cautelosa diante de um cenário de desaceleração da inflação e de incertezas ligadas à política tarifária dos EUA, mas com um mercado de trabalho ainda aquecido e estímulos fiscais.
Economistas projetam início do ciclo de cortes a partir de 2026, embora parte do mercado veja possibilidade de antecipação para dezembro deste ano, dependendo do comportamento da atividade e da inflação.
Apesar do recuo recente nos núcleos de preços e dos efeitos deflacionários esperados das tarifas norte-americanas, o banco central tende a prolongar os juros elevados até ter maior clareza sobre a evolução da economia.
Ontem, muitos economistas contestaram a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à CNN, de que a tarifa de 50% dos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto poderia ajudar a “reduzir a inflação interna”, argumentando que o impacto seria limitado e temporário.
Segundo eles, o aumento da oferta no mercado doméstico pode gerar quedas pontuais nos preços de itens como carnes e frutas, mas os efeitos tendem a ser curtos, devido à perecibilidade, ao custo de estocagem e à dificuldade de redirecionar exportações para outros mercados.
Além disso, alertam que a medida pode levar a desemprego, desinvestimento e até falências de empresas exportadoras, sem alterar de forma relevante a trajetória da inflação ou a política monetária do banco central.
3. Indicadores econômicos
Ao longo da semana, uma série de indicadores ajudará a calibrar as expectativas para a economia americana.
Hoje será divulgada a primeira leitura do PIB do segundo trimestre. A previsão de consenso indica crescimento anualizado de 2,5% entre abril e junho, após retração de 0,5% no trimestre anterior.
O relatório mensal da ADP, que mede a criação de empregos no setor privado, deve mostrar expansão de 77 mil postos em julho, revertendo a queda de 33 mil no mês anterior. Esses números servirão de referência para o relatório oficial de emprego, que será publicado na sexta-feira.
Investidores também avaliam a última pesquisa de confiança do consumidor, que subiu neste mês, enquanto dados sobre abertura de vagas e ritmo de contratações indicaram algum arrefecimento no mercado de trabalho.
4. Resultados de Microsoft e Meta
O calendário corporativo de hoje inclui balanços de empresas centrais do grupo apelidado de "7 Magníficas".
Os resultados da Microsoft serão acompanhados de perto em razão da relevância da estratégia de inteligência artificial da empresa. Analistas observarão especialmente a evolução da unidade de nuvem Azure, impulsionada pela demanda da OpenAI, embora esta tenha ampliado recentemente o uso de serviços de rivais como Google (NASDAQ:GOOGL), CoreWeave e Oracle Financial Software (NYSE:ORCL).
Os números da Meta Platforms também devem atrair atenção. Mark Zuckerberg tem direcionado recursos robustos para o desenvolvimento de infraestrutura de IA, com investimentos previstos de aproximadamente US$ 55 bilhões em centros de dados ao longo dos três últimos trimestres de 2025. O mercado aguarda clareza sobre como a empresa pretende transformar esse investimento em receitas futuras.
Além das duas big techs, Arm Holdings (NASDAQ:ARM) e Robinhood Markets (NASDAQ:HOOD) também publicam resultados após o fechamento do mercado.
5. Dados de inflação no Brasil
Teremos ainda hoje, na agenda econômica local, a divulgação do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) para o mês de julho, pela Fundação Getulio Vargas, indicador de inflação amplamente utilizado em reajustes de contratos de aluguel e tarifas públicas, por ser mais sensível ao câmbio e aos preços no atacado.
No último relatório, referente ao mês de junho, o IGP-M recuou 1,67%, queda mais intensa do que a projetada por analistas, após recuo de 0,49% em maio, com forte influência da redução nos preços de matérias-primas brutas.