SÃO PAULO (Reuters) - A Receita Federal informou nesta segunda-feira que vai verificar as informações sobre possível evasão fiscal nos documentos que integram o chamado "Panamá Papers" e, em caso de dados sobre empresas offshore não declarados, as multas podem chegar a 150 por cento do valor do ativo omitido.
Em declaração por email à Reuters, a Receita disse que depois que tais informações forem validadas juridicamente para sua utilização pelo Fisco "serão cotejadas com as informações prestadas pelos respectivos contribuintes" e ressaltou que os dados sobre 'offshore' devem ser declarados à Receita, "quanto a sua existência e seu valor patrimonial".
Governos de vários países começaram a investigar possíveis delitos financeiros de ricos e poderosos nesta segunda-feira, após o vazamento de documentos de quatro décadas de um escritório de advocacia sediado no Panamá especializado em abrir empresas offshore.
O escritório de advocacia Mossack Fonseca, que diz que criou mais de 240 mil empresas offshore para clientes ao redor do mundo, negou qualquer irregularidade e disse ser vítima de uma campanha contra a privacidade.
O Brasil está entre os vários países com autoridades envolvidas nos vazamentos.
Os documentos obtidos apontam que a Mossack Fonseca criou ou gerenciou cerca de 100 empresas offshore para ao menos 57 indivíduos ou empresas já relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4) investigado pela operação Lava Jato, de acordo com reportagens.
A Receita afirmou que as informações divulgadas no chamado "Panamá Papers" não são novas, uma vez que participa da Força Tarefa da Operação Lava Jato e que, em sua 22ª fase, "obteve informações de contribuintes brasileiros que se utilizaram desse instrumento".
(Por Caroline Stauffer)