Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Após os avanços recentes, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) operam em forte baixa nesta segunda-feira, superior a 20 pontos-base em alguns vencimentos longos, com o mercado à espera de novidades na área fiscal, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter desistido de uma viagem à Europa, e de olho na eleição norte-americana.
Às 10h16 a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,318%, ante 11,328% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa do vencimento para janeiro de 2033 marcava 12,89%, em queda de 23 pontos-base ante o ajuste de 13,124%.
No domingo, o Ministério da Fazenda informou que Haddad havia cancelado a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva viagem à Europa marcada para esta semana, para se dedicar “aos temas domésticos”.
O principal tema é justamente a questão fiscal. Passado o segundo turno das eleições municipais, o mercado espera que o governo anuncie o quanto antes medidas de contenção de despesas, como havia sido prometido pela equipe econômica.
No exterior, o foco está na eleição presidencial dos Estados Unidos na terça-feira, com o mercado precificando vitória do republicano Donald Trump na disputa acirrada com a democrata Kamala Harris.
Após os avanços recentes em função das apostas em Trump, os rendimentos dos Treasuries tinham baixas firmes na manhã desta segunda-feira, o que também influenciava a queda das taxas dos DIs no Brasil.
Ao avaliar as eventuais consequências de uma vitória de Trump, o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, disse que "há espaço para a continuação da alta dos juros e do dólar".
"Mas o mercado não coloca nos preços um 'red sweep' (domínio total dos republicanos: Casa Branca, Senado e Câmara). Caso isso ocorra, o movimento de alta dos juros e do dólar deve ser mais intenso", acrescentou, em comentário enviado a clientes.