Taxas futuras de juros recuam em linha com os Treasuries após dados fracos dos EUA

Publicado 21.02.2025, 16:56
Atualizado 21.02.2025, 17:00
© Reuters. Moedas de reaisn15/10/2010nREUTERS/Bruno Domingos

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam em queda nesta sexta-feira, com as taxas para alguns contratos registrando baixas de mais de 20 pontos-base, em linha com o recuo dos rendimentos dos Treasuries por mais uma sessão em meio a dados econômicos fracos nos Estados Unidos.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,5%, ante o ajuste de 14,643% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,36, em baixa de 25 pontos-base ante o ajuste de 14,618%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2029 estava em 14,27%, ante 14,459% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2031 tinha taxa de 14,38%, ante 14,511%.

Em mais um dia de agenda macroeconômica vazia no Brasil, os investidores voltaram suas atenções para o exterior, onde o destaque do dia foi a divulgação de dados e pesquisas sobre a economia norte-americana que vieram amplamente mais fracos do que o esperado.

A pesquisa PMI da S&P Global mostrou que a atividade empresarial nos EUA quase estagnou em fevereiro, com o índice caindo para 50,4 no mês, de 52,7 em janeiro, em meio a temores crescentes com as tarifas de importação e os cortes profundos nos gastos públicos prometidos pelo governo Trump.

Um levantamento da Universidade de Michigan mostrou que o índice de confiança do consumidor caiu mais do que o esperado em fevereiro -- a 64,7, de 71,7 em janeiro --, com a disparada das expectativas de inflação, também em reflexo dos temores comerciais.

Por fim, um outro relatório mostrou que as vendas de moradias usadas nos EUA recuaram mais do que o esperado em janeiro, após três aumentos mensais consecutivos, com as altas taxas de hipotecas e os preços das casas sufocando a demanda.

Os resultados negativos ajudaram a sustentar uma tese de arrefecimento da maior economia do mundo, que já tinha recebido apoio na véspera de um leve aumento no número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego, o que permitiria maior espaço para o Federal Reserve reduzir a taxa de juros.

Operadores passaram a precificar 46 pontos-base de cortes pelo Fed neste ano, de 40 pontos antes da divulgação de todos os dados, o que ajudou a derrubar os rendimentos dos Treasuries.

O rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- caía 8 pontos-base, a 4,422%.

Os mercados ainda seguem atentos a novas notícias sobre os planos tarifários do presidente dos EUA, Donald Trump, que tem feito uma série de ameaças a parceiros comerciais e setores econômicos, mas impôs até agora apenas uma taxa que entrou em vigor -- de 10% sobre produtos chineses.

Na cena doméstica, em meio à ausência de novos gatilhos para qualquer direção, analistas apontaram para a continuação de um processo de reprecificação de ativos, após a forte deterioração no fim do ano passado na esteira dos receios com o cenário fiscal brasileiro.

"Hoje teve muito a ver com o exterior, com a queda nos rendimentos das Treasuries", disse Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.

"Mas o prêmio de risco (também) estava muito fora do comum no ano passado."

Em meio a dúvidas persistentes sobre o compromisso do atual governo em equilibrar as contas públicas, Oliveira ainda chamou a atenção para recentes notícias sobre a queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que poderiam também estar ajudando no recuo dos prêmios de risco.

Na sexta-feira da semana passada, pesquisa Datafolha mostrou que a aprovação do governo Lula caiu 11 pontos percentuais em dois meses e atingiu 24% em fevereiro, enquanto a reprovação subiu para 41%, registrando os piores índices de avaliação de todos os mandatos do petista.

 

(Por Fernando Cardoso)

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